Análise do Secretário –
Geral do PSD, Saulo Queiroz (MS), para este Blog, com base na mais
recente pesquisa Datafolha, sugere que o índice de rejeição à presidente Dilma
é o maior entrave à sua reeleição, identifica-o no PT, por causa do mensalão, e
avalia que sua derrota eleitoral parece iminente. Saulo considera que a [...]
Análise do Secretário –
Geral do PSD, Saulo Queiroz (MS), para este Blog, com base na mais
recente pesquisa Datafolha, sugere que o índice de rejeição à presidente Dilma
é o maior entrave à sua reeleição, identifica-o no PT, por causa do mensalão, e
avalia que sua derrota eleitoral parece iminente.
Saulo considera que a
candidatura governista vai mal em todo o país e com viés de queda. O autor é
veterano personagem político, com participações decisivas no processo de
redemocratização que elegeu Tancredo Neves, em 84, na Constituinte de 88 e,
mais tarde, na aliança que elegeu Fernando Henrique Cardoso. Seu partido,
hoje, é aliado a Dilma na eleição nacional. Segue o artigo.
De mal a pior
A última pesquisa Datafolha
mostrou a extensão de uma doença que avança pelo País: a rejeição ao PT e a
Dilma. Como são duas entidades diferentes, não é fácil saber qual é depositária
do percentual mais forte, mas há indícios de que a rejeição ao PT é de controle
mais difícil.
Outro aspecto que fica claro
é sua susceptibilidade ao contágio, que aumenta com maior velocidade nos
grandes conglomerados urbanos, mas avança também, mais lentamente, nas pequenas
cidades e até em espaços que pareciam imunes, como o Nordeste, onde a rejeição
a Dilma alcançou incríveis 23%.
Para se ter uma ideia do que
isso significa vale lembrar que na eleição presidencial passada, em pesquisa
Datafolha de 23.07.2010, a rejeição a Dilma em todo o País era de 19%. Nesta
última pesquisa já alcança 35%, quase o dobro de igual período em 2010.
Para uma identificação mais
precisa do depositário da maior taxa de rejeição, se o PT ou Dilma, é preciso
uma rápida caminhada pelo País, começando pelo Sul. O PT tem candidato nos três
Estados, mas apenas no Rio Grande do Sul seu candidato está em segundo lugar
nas pesquisas.
No Paraná e Santa
Catarina estão em terceiro. No Sudeste, o desempenho é pífio em São Paulo com
Alexandre Padilha, sofrível no Rio de Janeiro, com Lindhberg Farias ,em quarto
lugar, e sem expressão no Espírito Santo.
Apenas em Minas Gerais, com
Fernando Pimentel, apresenta um desempenho satisfatório, mas a lógica é que ele
não resistirá a máquina de moer carne que o espera, com Aécio Neves crescendo
nas pesquisas para Presidente, um candidato ao governo, Pimenta da Veiga, de
boa história, e um ao Senado, com a qualidade e aprovação de Antonio Anastasia,
o governo do Estado e a maioria de deputados.
No Nordeste seu candidato na
Bahia, maior colégio eleitoral da região está muito atrás do candidato do DEM.
É segundo no Ceará e apenas no Piauí mantém folgada liderança.
Nos demais
Estados apoia candidatos de outras legendas, o que significa dizer que nestes
quatro anos não consolidou personagens estaduais para concorrer ao cargo de
governador, o que demonstra fragilidade partidária.
A pergunta que fica é: que
culpa cabe à presidente Dilma por esta fragilidade do PT em seu principal
reduto eleitoral que é o Nordeste. Penso que muito pouca. No Norte, afora o
Acre onde pode reeleger o governador, não tem presença de destaque nos
principais colégios eleitorais, visto que apoia o PMDB no Pará e Amazonas, além
de fazer o mesmo em Tocantins.
No Centro Oeste tem
candidato a reeleição no Distrito Federal com baixa perspectiva, em Goiás sem
nenhuma e no Mato Grosso não tem candidato. Apenas em Mato Grosso do Sul tem
perspectivas concretas de vitória porque seu candidato, o senador Delcídio
Amaral, está bem a frente nas pesquisas e tem baixa rejeição.
A questão é saber
até onde ele resistirá ao processo de contaminação, visto que o Estado é
vizinho de São Paulo e Paraná, onde é virulenta a rejeição ao PT – a maior em
todo o País. Há que se vacinar para controlar o contágio.
Finalmente, é quase chocante
que um partido que comanda o País há 12 anos, tenha favoritismo para eleger
apenas três governadores, em Estados de pequena densidade eleitoral e dois
senadores. Cinco em 54 disputas majoritárias. Quase nada.
A pergunta,
repetitiva, é se foi Dilma a responsável por uma rejeição que se estendeu por
todo o Pais ou se foi o PT o principal responsável pela rejeição de Dilma. Não
vale dizer que as duas se encontram.
A verdade é que estes
últimos quatro anos de governo da presidente Dilma foram marcados por
dificuldades na economia, não só aqui no Brasil, mas em quase todo mundo.
Evidente que o governante paga uma conta que nem sempre é sua, como aconteceu
nas eleições realizadas na Europa, mas é do jogo da política.
Lula presidente, a economia
bombou, ele soube tirar proveito político disso e se tornou quase um ídolo no
País.
E ainda arrastou seu PT para o bom caminho da vitória nas eleições de
2010. Mas será que as dificuldades de Dilma, a baixa avaliação de seu governo,
seria a causa principal para o desgaste do Partido em quase todos os Estados ou
será que a causa é mais além?
Com certeza, mais além. No
período do governo Dilma o País viveu o episódio que representou o maior
massacre pelo qual já passou um partido na história política desse País: o
julgamento do mensalão. Meses e meses de intensa cobertura de televisão, rádios
e jornais de um julgamento onde o principal réu acabou se tornando o PT.
Engana-se quem acha que isto
não teve grande importância. Teve sim e pensar o contrário é um menosprezo à
opinião pública. Evidente que foi determinante para criar esse vírus da
rejeição ao PT, que se espalha pelo País. A bem da verdade, nem Dilma nem seu
governo têm qualquer coisa a ver com o mensalão. Ela, como muitos outros
candidatos petistas, é apenas uma vítima.
Quanto à eleição
presidencial deste ano o quadro caminha para um desfecho trágico para o PT e
sua candidata. Quem estiver olhando para os números atuais das pesquisas e
avalia que há um quadro de indefinição comete um erro básico de julgamento.
Há um status totalmente
diferente entre os competidores, porque enquanto Dilma é conhecida por 99% dos
eleitores, 19 e 36% desconhecem Aécio e Eduardo Campos, respectivamente. Todos
os dados das pesquisas atuais mostram apenas a notória rejeição da candidata à
reeleição.
Aécio e Campos são fatos
para após o início do horário eleitoral. Vale que olhemos um pouco para 2010.
Em 23.07, havia um empate entre Dilma e Serra, ambos com 36% de preferência. Em
15.09, com 25 dias de horário eleitoral, Dilma tinha 50% e Serra 27%.
Evidente que, agora, em
meados de setembro, quando todos conhecerem melhor Aécio e Campos, os números
serão diferentes e, tudo indica, um deles estará a frente de Dilma e, muito à
frente, ambos, em uma simulação de segundo turno.
Não é provável, mas não
impossível, que nesta data a campanha da presidente esteja com a preocupação
voltada para assegurar sua presença no segundo turno. Apenas isso, porque não
haverá mais nenhuma perspectiva de vitória.