sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Vamos avaliar quem envolveu a Sininho no caso



O advogado Jonas Tadeu enveredou por caminhos pedregosos e de direção incerta. 

Tanto se pode supor que levem a mais desvios da verdade para servir a seus dois clientes do momento como se pode suspeitar de objetivos muito maiores. 

Ainda bem que o estranhíssimo percurso feito ontem por Jonas Tadeu foi demarcado por sugestões involuntárias de precaução dos seus ouvintes, quanto ao que ouviam. 
Fossem reconhecimentos de inverdades ditas nos dias anteriores, fossem respostas burladas, na longa entrevista à excelente Leila Sterenberg, da GloboNews, estava a mensagem: inverdades de antes previnem contra as verdades de hoje. 

"Ninguém pagará" a Jonas Tadeu pela defesa de Caio Silva de Souza e Fábio Raposo Barbosa, os causadores da morte de Santiago Andrade. Por quê? Resposta obscura. Já defendeu outros manifestantes acusados de violência? Resposta tortuosa. 
Não conhecia Caio, só se falaram por telefone duas vezes sobre fuga e prisão, mas cita até o valor do aluguel pago pela mãe de Caio. "Fabinho", sim, conhece-o há muito tempo, é amigo dos seus assistentes. A propósito, aquilo dito sobre Fábio ser tatuador era mentira, ele mora sozinho, mas é desocupado. 

Já que era o capítulo dos desmentidos, outro dos vários: "Eu sabia desde o começo que Fábio conhecia o Caio". Apesar de corrigir-se, tornou ainda maior o alegado número de intermediários até identificar Caio, rapidamente, inclusive com RG, CPF e dois endereços, para dar à polícia. "Um miserável." "Não no sentido ruim." Miserável por precisar do que recebe para ir às manifestações. "R$ 150." 

Foi a entrada no trecho sempre reto, longo, de aceleração invariável. "Os manifestantes violentos são pagos." Quem paga? "Vão buscá-los em casa." Quem vai? "Tem organização por trás deles." Quem? "É preciso investigar vereadores, deputados, diretórios regionais de partidos." Quem? Quais? 
"Minhas conversas indicaram, é preciso investigar vereadores, deputados, diretórios regionais, não só do Rio, de São Paulo e outros Estados também." "Vereadores, deputados, diretórios", "vereadores, deputados, diretórios" -sem fim. Quem e quais? "Não me disseram." 

Jonas Tadeu é reconhecido como muito habilidoso nas artimanhas próprias da advocacia que pratica. Para quem duvide, uma credencial de peso, no gênero: já foi advogado de Natalino Guimarães, preso em 2008 sob acusação de chefiar uma das mais poderosas milícias da Baixada Fluminense. 
Não é provável que acrescentar aos dois clientes atuais a condição de mercenários convenha à defesa. 

Poderia, sim, abrir caminho, por exemplo, para uma delação premiada, com os dois implicando alguém ou determinadas pessoas. Mas essa é uma especulação útil apenas para lembrar que mesmo as denúncias vazias podem ter caroços. Aliás, tê-los é da sua natureza: se não surgem com caroços, logo aparece quem os ponha. 

Cedo ainda, ontem já aparecia no rádio um comentarista a falar na "extrema esquerda" como a possível pagadora das arruaças. 
Por que não também o possível interesse da direita, que toma outras muitas providências de organização encoberta para impor-se na sucessão presidencial? Jonas Tadeu recomenda não responder a certas perguntas.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2014/02/1411447-sem-resposta.shtml