"Os papéis constam de um inquérito a que
Lindbergh responde no Supremo Tribunal Federal, com acusações de corrupção,
formação de quadrilha e lavagem de dinheiro – relativas ao período em que foi
prefeito de Nova Iguaçu, entre 2005 e 2010.
Ex-chefe de gabinete da Secretaria de Finanças de Nova Iguaçu Elza Elena
Barbosa Araújo conta tudo sobre o esquema de captação de propina entre empresas
contratadas pelo município.
O valor podia chegar a R$ 500 mil por contrato. O
dinheiro sujo, segundo Elza, chegava à sala da secretaria em bolsas e maletas
trazidas por empresários.
Depois as quantias eram usadas, conforme ela disse,
para quitar despesas pessoais de Lindbergh.
o esquema ainda bancava as prestações de um apartamento da mãe de Lindbergh, Ana Maria, num edifício em Brasília. Elza relatou que numa das ocasiões, em 11 de julho de 2005, ela saiu da prefeitura com R$ 15 mil em dinheiro para pagar uma das prestações do imóvel. Sobraram R$ 4.380, que Elza disse ter depositado na conta de Lindbergh. Ela também afirmou que a propina abastecia a conta da empresa Bougainville Urbanismo, que pertence a Carlos Frederico Farias, irmão de Lindbergh que mora na Paraíba, terra natal de Lindbergh. A empresa recebeu, ainda conforme a acusação, quatro depósitos que totalizaram R$ 250 mil.
O Tribunal de Justiça (TJ) autorizou a quebra de sigilos relativa ao período de junho de 2004 a junho de 2008. Exatamente um ano depois, em 2009, o TJ estendeu a medida aos cartões de crédito e aplicações em Bolsas de Valores. ÉPOCA obteve cópias das duas decisões relativas às quebras de sigilo, que também permaneciam inéditas.
o esquema ainda bancava as prestações de um apartamento da mãe de Lindbergh, Ana Maria, num edifício em Brasília. Elza relatou que numa das ocasiões, em 11 de julho de 2005, ela saiu da prefeitura com R$ 15 mil em dinheiro para pagar uma das prestações do imóvel. Sobraram R$ 4.380, que Elza disse ter depositado na conta de Lindbergh. Ela também afirmou que a propina abastecia a conta da empresa Bougainville Urbanismo, que pertence a Carlos Frederico Farias, irmão de Lindbergh que mora na Paraíba, terra natal de Lindbergh. A empresa recebeu, ainda conforme a acusação, quatro depósitos que totalizaram R$ 250 mil.
O Tribunal de Justiça (TJ) autorizou a quebra de sigilos relativa ao período de junho de 2004 a junho de 2008. Exatamente um ano depois, em 2009, o TJ estendeu a medida aos cartões de crédito e aplicações em Bolsas de Valores. ÉPOCA obteve cópias das duas decisões relativas às quebras de sigilo, que também permaneciam inéditas.
De acordo com o desembargador Alexandre Varella, os extratos dão
sustentação às acusações de Elza. Varella afirmou que o pedido do MPE não tinha
como base apenas os depoimentos da ex-funcionária.
“Foram inquiridas
testemunhas que confirmaram a presença de pessoas por ela mencionadas na
referida prefeitura”, como os portadores de malas com dinheiro.
Outra decisão judicial revelou indícios de corrupção em contratos de pelo menos uma empresa. Elza dissera que a 7R Comércio de Materiais de Escritório, detentora de cinco contratos com a prefeitura que somavam R$ 1,1 milhão, recebia pagamentos, mas não entregava as mercadorias, entre elas o gás de cozinha para preparar merenda escolar.
Outra decisão judicial revelou indícios de corrupção em contratos de pelo menos uma empresa. Elza dissera que a 7R Comércio de Materiais de Escritório, detentora de cinco contratos com a prefeitura que somavam R$ 1,1 milhão, recebia pagamentos, mas não entregava as mercadorias, entre elas o gás de cozinha para preparar merenda escolar.
Segundo ela, a empresa era ligada a Fausto Severo Trindade, ex-secretário de Planejamento e atual assessor de Lindbergh.
Ao estender a quebra de sigilo aos
cartões de crédito de Lindbergh, o desembargador Nildson Araújo da Cruz
destacou que a 7R “não tinha qualquer empregado, só vivia de celebrar contratos
com o município de Nova Iguaçu e, além de não ter outros clientes, não tinha
autorização para vender gás”.
Quem entregava os botijões era outro fornecedor,
mas a emissão da nota fiscal era feita em nome da 7R. Pelo relato do
desembargador Cruz, a 7R aparentava ser uma empresa-fantasma.
A 7R foi aberta em setembro de 2005, com endereço na periferia de Niterói. Dois meses depois de sua criação, já assinava seu primeiro contrato com o município de Nova Iguaçu, no valor de R$ 530 mil, para fornecer gás a preços superfaturados, segundo uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado.
A 7R foi aberta em setembro de 2005, com endereço na periferia de Niterói. Dois meses depois de sua criação, já assinava seu primeiro contrato com o município de Nova Iguaçu, no valor de R$ 530 mil, para fornecer gás a preços superfaturados, segundo uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado.
A 7R
encerrou as atividades em junho de 2008, com a investigação do MPE já em curso.
O material da quebra de sigilo, entre extratos de bancos e declarações de
Imposto de Renda, está em 35 volumes, tem 7 mil páginas e chegou ao STF no fim
de 2011.
Em fevereiro de 2012, o ministro Gilmar Mendes decidiu que a
legalidade das provas até agora produzidas será analisada pelo Supremo."
*REVISTA ÉPOCA
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