Este ano, o golpe militar de 64 completa 50
anos e novos dados vão sendo agregados à história daquele período. Pesquisas
feitas pelo Ibope às vésperas do golpe, em 31 de março, foram divulgadas
recentemente e mostram que o presidente João Goulart, deposto pelos militares,
tinha um amplo apoio popular. Estas pesquisas não foram reveladas à época e
estão sendo catalogadas pela Universidade Estadual de Campinas.
Pelas pesquisas, Jango ganharia as eleições
do ano seguinte se elas tivessem ocorrido. Entrevistas realizadas na cidade de
São Paulo na semana anterior ao golpe mostravam que quase 70% da população
aprovava as medidas do governo.
O historiador da UnB Antonio Barbosa explica
que era evidente que João Goulart tinha apoio porque obteve 500 mil votos a
mais que o presidente Juscelino Kubitschek em 55. E em 60, foi eleito
vice-presidente apesar da derrota do candidato à presidência de sua chapa, o
Marechal Lott:
"O quadro que se cria a partir de 63 é
de crescente radicalização ideológica e, nesse quadro, a Igreja Católica, o
empresariado de uma forma geral, a maioria absoluta das Forças Armadas e a
imprensa brasileira vão assumir uma posição contrária a essas reformas de Jango
na medida que, naquele ambiente, naquele contexto, naquela conjuntura, elas
poderiam ser identificadas como a "comunização", a
"esquerdização", a "bolchevização" do país".
Para o deputado Jair Bolsonaro, do PP do Rio
de Janeiro, o perigo comunista era real:
"Nós estávamos à beira de ser implantada
aqui a ditadura do proletariado. Os empresários queriam que os militares
assumissem, toda a Igreja Católica queria que os militares assumissem. Ou seja,
toda sociedade queria afastar o fantasma da ditadura do proletariado que estava
presente em nosso país"
O deputado Chico Alencar, do Psol do Rio de
Janeiro, acredita que a população foi manipulada:
"Criou-se a ideia de que o Brasil estava
num caos total, que Jango queria implantar o comunismo no país, era a época da
"guerra fria", da forte polarização do mundo entre União Soviética e
seus países próximos e Estados Unidos e seus aliados. E acabam fazendo uma
manipulação grosseira para influenciar a opinião pública"
Na pesquisa realizada em São Paulo, 80% dos
paulistanos eram contra a legalização do Partido Comunista do Brasil.