Fundador do partido, professor Tarcísio ainda é um
desconhecido do eleitor fluminense
Rio - Pré-candidato do
PSOL ao governo do estado, o professor Tarcísio Motta de Carvalho, o Tarcísio
do PSOL, ainda é um desconhecido do eleitor. Seu nome não tem sequer aparecido
nas pesquisas. Fundador do partido que conquistou 1 milhão de votos nas eleições
municipais de 2012, apenas na capital, Tarcísio acredita que poderá receber os
votos de eleitores de Marcelo Freixo, que será candidato a deputado estadual, e
Chico Alencar, que tentará a reeleição na Câmara. Ambos têm figurado sempre
entre os mais votados do estado para os parlamentos.
Rio - Pré-candidato do
PSOL ao governo do estado, o professor Tarcísio Motta de Carvalho, o Tarcísio
do PSOL, ainda é um desconhecido do eleitor. Seu nome não tem sequer aparecido
nas pesquisas. Fundador do partido que conquistou 1 milhão de votos nas
eleições municipais de 2012, apenas na capital, Tarcísio acredita que poderá
receber os votos de eleitores de Marcelo Freixo, que será candidato a deputado
estadual, e Chico Alencar, que tentará a reeleição na Câmara. Ambos têm
figurado sempre entre os mais votados do estado para os parlamentos.
Vascaíno e portelense como o
prefeito Eduardo Paes, de quem é crítico feroz, fã de Candeia, Cartola e Zeca
Pagodinho, o historiador se apresentará ao eleitor como uma espécie de
representante das manifestações de junho para atrair o voto dos insatisfeitos
com a política ou, como ele diz, com a velha política.
Aos 39 anos, pai de três
filhos, estudou sempre em escola pública, desde a infância, em Petrópolis, à
Universidade Federal Fluminense, em Niterói, sempre militando em prol da educação.
Diretor do bloco de rua Bagunça Meu Coreto, ele quer agora acabar com o que
chama de farra na política no EstRio - Pré-candidato do PSOL ao governo do
estado, o professor Tarcísio Motta de Carvalho, o Tarcísio do PSOL, ainda é um
desconhecido do eleitor. Seu nome não tem sequer aparecido nas pesquisas.
Fundador do partido que conquistou 1 milhão de votos nas eleições municipais de
2012, apenas na capital, Tarcísio acredita que poderá receber os votos de
eleitores de Marcelo Freixo, que será candidato a deputado estadual, e Chico
Alencar, que tentará a reeleição na Câmara. Ambos têm figurado sempre entre os mais
votados do estado para os parlamentos.
Vascaíno e portelense como o
prefeito Eduardo Paes, de quem é crítico feroz, fã de Candeia, Cartola e Zeca
Pagodinho, o historiador se apresentará ao eleitor como uma espécie de
representante das manifestações de junho para atrair o voto dos insatisfeitos
com a política ou, como ele diz, com a velha política.
Aos 39 anos, pai de três
filhos, estudou sempre em escola pública, desde a infância, em Petrópolis, à
Universidade Federal Fluminense, em Niterói, sempre militando em prol da educação.
Diretor do bloco de rua Bagunça Meu Coreto, ele quer agora acabar com o que
chama de farra na política no Estado do Rio.
O DIA:
O senhor é um desconhecido do eleitor, que
imaginava ver Marcelo Freixo como candidato do PSOL. Como se deu a construção
da sua candidatura?
Tarcísio : As manifestações
de junho pediam uma perspectiva nova para a política e o PSOL discutiu como
deveria se apresentar para esta eleição. A ideia era uma candidatura que
tivesse a ver com estas manifestações. E eu tanto participei como tenho minha
história vinculada à educação. Como os deputados Marcelo Freixo e Chico Alencar
vão permanecer no parlamento para fortalecer nossas bancadas, a gente fechou
esta estratégia e aceitei o desafio.
O DIA: Quais as
reais expectativas em relação à sua votação? Receber os votos que serão dados
ao Freixo e ao Chico Alencar e dos descontentes com a política?
Tarcísio: O PSOL teve votação
expressiva no Rio, Niterói e São Gonçalo em 2012. A expectativa é de crescer e
crescer muito. Vamos mostrar que governar não é apenas dirigir, mas criar
condições para que as pessoas se autogovernem e participem. Junho não foi a
negação da política, mas da velha política. É uma candidatura que só tem a
crescer. Vamos disputar votos e ideias.
DIA: Será uma eleição contra o atual
governador, um ex-governador e dois senadores. Uma tarefa difícil .
Tarcísio: São todos representantes da velha política. São todos
“Cabrais”. Se a ideia era o “Fora, Cabral”, se isso ficou tão forte em 2013,
temos que mostrar que o problema do Cabral não era ele em si, mas a política
que ele representa, e essa política esta presente no Garotinho, no Lindbergh e
no Crivella. E, claro, no Pezão. Eles representam o mesmo modelo. O PT faz
parte do projeto de poder do PMDB do Rio. É vice do Eduardo Paes. Eles são mais
do mesmo, são o que as ruas rejeitaram. E a gente quer ser a alternativa.
O DIA: Que alternativa? O que vocês têm de
diferente?
Tarcísio: Não vamos aceitar financiamento de grandes
empreiteiras, que vão financiar todas as outras candidaturas. Não teremos esse
vínculo financeiro. Queremos um novo modelo para o Rio, que vai incorporar as
lutas sociais, a pauta LGBT, a feminista, a legalização das drogas, a
desmilitarização da PM. São pautas que estarão na nossa campanha e que vêm das
ruas.
O DIA: O senhor é a favor da
desmilitarização da PM?
Tarcísio: Desmilitarizar não é acabar com a polícia. É preciso explicar isso.
Hoje a militarização é a resposta para qualquer conflito e isso não está dando
certo. Caveirões foram comprados, bilhões foram investidos e mesmo assim as
pessoas estão inseguras porque o processo de enfrentamento não dá resultado e
leva a mais e mais mortes.
A desmilitarização é boa para a própria PM.
Significa pensar um novo processo de formação, de carreira única, onde todo
mundo pode ter acesso aos postos mais altos da corporação. Ela concederia
direitos aos policiais. O governador não tem o poder de desmilitarizar a
polícia, mas de adotar políticas desmilitarizantes.
O DIA: Por exemplo?
Tarcísio: A UPP, que é um programa de controle e domínio de
território.
O DIA: O senhor é contra?
Tarcísio: Não. Mas ela precisa ser mais do que isso. O governo a
apresenta como polícia comunitária. Ela é na verdade o policiamento da vida
comunitária, que fica subordinada à polícia. Isso é militarizar o cotidiano das
pessoas. E a gente é contra. É preciso construir uma política de segurança que
tenha a garantia de direitos básicos das pessoas.
O DIA: E sua posição em relação às drogas?
Tarcísio: A política de guerra às drogas fracassou. Ela é uma
guerra aos pobres disfarçada. A quantidade de pessoas que é morta neste
processo é muito maior do que a de pessoas que estão morrendo por uso de
drogas. Legalização não é liberação, não é incentivo ao uso.
O álcool é uma
droga que causa diversos males e é tratado com problema de saúde, não com
proibição. O tabaco a mesma coisa. O governador tem que defender essa bandeira,
que foi levantada pelo Jean Wyllis na Câmara.
O DIA: E as greves? Se for eleito
governador, o senhor automaticamente passa para o outro lado. Como o senhor se
imagina mediando este conflito, já que não vai poder dar o salário pretendido
no primeiro dia de gestão?
Tarcísio: A primeira coisa a fazer é instituir a data-base do
funcionalismo. Isso resolve parte enorme dos problemas, porque há a insegurança
no servidor, se ele vai receber ou não reajuste naquele ano porque não há a
obrigatoriedade da negociação. O professor, então, parte do princípio que tem
sempre que ir para a luta para conseguir a negociação. Isso dá para fazer
imediatamente.
A segunda coisa é que no caso do Rio nem é tão difícil de
valorizar o servidor porque a lei de responsabilidade fiscal coloca o limite de
49% da receita para gastos com pessoal. O Rio não chega a 30%. Então, há uma
margem grande para fazer isso. É uma questão de prioridades. É fácil de
resolver? Não. Mas essa negociação vai acontecer.
O DIA: Que leitura o senhor faz dos
protestos de 2013 e da violência que afastou o povo das ruas?
Tarcísio: A violência partiu, sobretudo, do estado. As pessoas
vinham para a rua em solidariedade às vítimas da violência policial.
O DIA: Pelo estado, mas não só pelo estado,
também por manifestantes.
Tarcísio: A violência do estado gera uma resposta violenta, que
muitas vezes é autodefesa. Só que isso virou uma escalada de violência. Isso
afastou muita gente. E aí a violência da polícia se torna mais efetiva e a
resposta também se torna mais violenta.
O protagonismo para resolver tinha que
ser do estado, com política. Mas a gente não pode achar que só há duas formas:
criminalizar os black blocs ou agir como eles. Não. Há que se entender o
contexto de que a violência partiu do estado.
O DIA: Nem sempre. A sede do PSTU foi
depredada, bancas de jornais, carros, casas. E o PSTU está longe de ser o
estado, não ?
Tarcísio: Não é possível atacar a sede de um partido, de
esquerda ou direita, por diferenças ideológicas. Está errado e não podemos ser
coniventes com isso. E há mecanismos jurídicos para isso.
Mas ação da polícia
não é atacar a manifestação, mas garantir que isso não aconteça. No Leblon, a
polícia deixou a coisa correr durante mais de uma hora para depois reprimir.
Não é o papel dela. Polícia é prevenção. E aí saiu do controle de todos.
O DIA: E a Copa? Vai torcer pela seleção
brasileira?
Tarcísio: Os protestos não podem se confundir com o ataque ao
futebol, que faz parte da nossa cultura. Adoro futebol e vou torcer pela
seleção. Mas... se não ganhar, tem promessa do Eduardo Paes se matar em caso de
vitória da Argentina (risos). É tentador. Minha recusa em torcer pela Argentina
é muito menor nesta Copa (risos).
O DIA: O Rio de Janeiro vai aceitar um
governador com rabo de cavalo (risos)?
Tarcísio: Ter cabelo comprido não é mais transgressor como nos
anos 60. É melhor ter rabo de cavalo do que ter rabo preso (risos).