domingo, 3 de abril de 2016

Eleições BJI 2016 | Independe a quantidade de candidatos, e sim a estratégia adotada

O jornal o Norte Fluminense veicula reportagem com o irmão do vereador Ricardo Aguiar e do ex-vereador Samuel Júnior, a mesma aborda o cenário político/administrativo de Bom Jesus do Itabapoana.

A principal manifestação do Doutor Júlio Aguiar, pessoa de meu irrestrito respeito e admiração, foi em cima da tese eleitoral de que se não houver somente uma candidatura na disputa contra o candidato do governo, a prefeita Branca Motta elege seu sucessor.


Esta tese de que se houver mais de uma candidatura contra o candidato governista a prefeita se favorece na disputa é quase que uma regra inviolável, no entanto, eu que costumo me posicionar como ponto fora da curva do senso comum, prefiro me ater aos números e no histórico eleitoral de BJI desde a eleição de 2008.

Para sustentar minha tese de que o número de candidatos não decide uma eleição, mesmo em uma cidade em que não temos a possibilidade de segundo turno, vou elencar para vocês um comparativo entre as eleições de 2008 que teve somente DOIS candidatos, e a de 2012 que contava com CINCO candidaturas.

Eleições de 2008

Em 2008 tínhamos somente dois candidatos em disputa, Paulo Sergio Cyrillo contra Branca Motta, na ocasião Cyrillo é quem contava com o apoio da prefeitura sob comando de Paulo Portugal, e Branca Motta contava com o apoio do governo estadual com Rosinha Garotinho.

O resultado dessas eleições aponta que na sede do município, o candidato Paulo Sergio Cyrillo teve uma vantagem sobre Branca Motta de 1.920 votos, sendo que as urnas dos distritos reduziram esta vantagem para irrisórios 51 votos, ou seja, a candidata Branca Motta teve um desempenho formidável nos distritos.

Cabe salientar que ainda tivemos um fato sorrateiro ocorrido na véspera desta eleição de 2008, a qual “denunciava” em documento apócrifo distribuído na calada da noite que a candidata Branca tinha sérios problemas relacionados a operação epidemia com seu benefício previdenciário, se não fosse este golpe anônimo ela venceria com larga vantagem.

Eleições de 2012

Em 2012 tínhamos CINCO candidatos, e o resultado apontou um cenário idêntico a 2008, com a prefeita Branca saindo 1.800 votos atrás de Roberto Tatu na sede do município, com ela vencendo por apenas 108 votos de vantagem depois de apuradas as urnas dos distritos, mais precisamente na última urna que ela confirmou sua vitória, a candidata Branca Motta novamente teve um resultado formidável nos distritos.

Importante lembrarmos que até uma semana antes das eleições, Roberto Tatu era candidato a vice-prefeito de Paulo Sergio Cyrillo, que como sempre estava inelegível teve que renunciar à candidatura sendo substituído por Tatu, fato que gerou um racha entre alguns correligionários que se debandaram para a campanha de Samuel Júnior.

Observem que mesmo com CINCO candidatos, com a renúncia de Paulo Sérgio Cyrillo, a poucos dias da eleição e com a debandada de alguns correligionários, o resultado eleitoral desta eleição de 2012 foi extremamente semelhante ao de 2008, que contava somente com duas candidaturas, em ambas as eleições a candidata Branca Motta teve desempenho muito ruim na sede do município e uma votação expressiva nos distritos.

Oposição e OPOSITORES, muita diferença!

Outro ponto que divirjo do amigo Júlio Aguiar está em sua menção sobre a “oposição”, quando ele fala que a “oposição” deve se unir, eu pergunto ao nobre amigo onde está a “oposição” de Bom Jesus do Itabapoana? Obviamente que ele não encontrará, pois em BJI não existe OPOSIÇÃO, existe sim alguns OPOSITORES.

Quando mencionamos OPOSIÇÃO, estamos falando de coisa organizada em grupo, com uma agenda política constante e coordenada, e isso definitivamente não será encontrado em Bom Jesus do Itabapoana.

Temos em contraponto ao governo os opositores da câmara, nas pessoas de Celso Rezende, Eliomar Oliveira, Leonardo Dutra, Paulo Salim e Ricardo Aguiar, o presidente do Sindserv-BJI, Rogério Lima, o ex-vereador Batista Magalhães e este blogueiro que vos escreve, que atua nas redes sociais.

Desde 2015 que surgiram outras figuras políticas que passaram a se manifestar contra o atual sistema político de Bom Jesus do Itabapoana, mas daí a imaginar que temos em BJI uma OPOSIÇÃO, é completamente fora da realidade, bastando perguntar ao amigo Júlio Aguiar por onde andava seu irmão Samuel Júnior quando seu pupilo Moalíder-da-Prefeita afrontava seu também irmão Ricardo Aguiar na plenária legislativa?

Se tivéssemos uma oposição em Bom Jesus do Itabapoana, esta já estaria agindo de maneira estratégica e coordenada para analisar quais são os fatores que proporcionam esta notável força política da prefeita nos distritos, haja visto que mesmo com essas comunidades vivendo o mais amargo descaso público do governo, eles mesmo assim votam em maioria com o governo.

Talvez até pelo fato da oposição ser tão inexpressiva na rotina político/administrativa do município, que o período eleitoral, cada vez mais curto, se torna insuficiente para disputar com a máquina pública da prefeita.