quarta-feira, 13 de abril de 2016

País | Contradições e temeridades do impeachment

Os desdobramentos do processo de impeachment da presidente da República, tem nos revelado com muita clareza tudo aquilo que me leva a considera-lo como GOLPE, e que o mesmo está mais para ser recusado do que aprovado.


Um dos pontos mais controversos neste debate está nos comparativos entre o impeachment do presidente Collor com o processo atual.

Partindo do requisito de que o processo em andamento é um julgamento POLÍTICO, naturalmente que o princípio basilar da administração pública da MORALIDADE, Artigo 37 da Constituição Federal de 1988, passa a ser considerada como uma espécie de cláusula pétrea para a legitimidade do processo.

Comparando com o impeachment do ex-presidente Collor, tínhamos na época como presidente da Câmara dos Deputados Ibsen Pinheiro em que não havia nenhuma acusação contra ele, e o mesmo por ser decente teve sua carreira política estrangulada por uma reportagem mentirosa da Veja que somente foi desmascarada mais de dez anos depois.

O vice-presidente de Collor era Itamar Franco, que dispensa comentários no quesito moralidade, ele não conspirou na surdina e quando assumiu ele uniu o País para iniciar o processo de implantação do Plano Real, sim foi Itamar e não FHC que idealizou o Real.

Antes de iniciado o processo de impeachment contra Fernando Collor, foi tramitada a CPI do PC Farias que identificou os crimes de responsabilidades que beneficiaram diretamente o ex-presidente, havia um ato doloso e frontal materializado contra o presidente, o atual processo foi motivado pela representação de três “juristas”, denunciando pedaladas fiscais e com recortes de jornais como provas.


O que temos hoje é completamente inverso, a presidente que pretendem cassar não tem absolutamente o menor indício de qualquer fato que a tenha beneficiado diretamente ou indiretamente, como diz o New York Times, um raro caso de político brasileiro que não tem nenhum indicio de enriquecimento ilícito.


Outro comparativo que passo a elencar diz respeito ao jogo de cooptação de deputados em troca de votos contra o impeachment, a oposição “denuncia” o loteamento de cargos por parte de Dilma e Lula, como se Temer e Cunha não estivessem fazendo o mesmo.

Diante deste cristalino fato, fica mais do que hipócrita a reação dos golpistas contra um jogo político a qual eles estão praticando, com as promessas de cargos e ministérios depois que “assumirem”.


Minha suspeita de que este impeachment não passará na plenária da câmara no dia 17 próximo, está justamente no intenso noticiário do “Partido da Imprensa Golpista” (Globo, Veja, Folha e Estadão) mencionando uma suposta debandada de partidos como o PP e o PRB, e do jogo de cena lamentável do deputado Paulinho da Força e seu “bolão do impeachment”, a qual está aberta as apostas do resultado da votação.

Este noticiário de debandada partidária está mais para pressionar os deputados indecisos e a própria opinião pública, que teve recuo de 68% para 61% dentre os que apoiavam o impeachment.

Se a situação estivesse de fato propensa aos 342 votos, sem dúvidas que não estariam cantando esta vitória, o governo não está morto e conta com TODOS OS GOVERNADORES DO NORDESTE, que controlam considerável bancada na plenária.




Ainda temos de alertar mais uma vez, se o apoio da opinião pública ao impeachment da presidente da República, se faz em nome do combate a corrupção, esses cidadãos estão redondamente manipulados, pois um dos procuradores da Lava Jato admitiu que o governo petista não interfere nos trabalhos investigativos como os governos tucanos.

Se a presidente da República não conta com nenhum indício ou acusação contra ela e a mesma não interfere nas investigações, e os principais articuladores do impeachment, Temer e Cunha, são citados na Lava jato com o segundo na condição de réu no STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, está mais do que evidente que se Temer assumir, a Operação Lava Jato desaparecerá do noticiário no dia seguinte.


Se você que acaba de ler esta matéria é favorável ao combate a corrupção, temos que deixar no poder um governo que NÃO INTERFERE NAS INVESTIGAÇÕES de qualquer operação, e não só a Lava Jato, o impeachment se consumado, vai se concretizar na lógica inversa do combate a corrupção, pois os corruptos notórios sem dúvidas que irão interferir em qualquer investigação contra eles.


Atentem-se no que dizia o sábio Leonel Brizola:

“Se você estiver em dúvida sobre que posição tomar sobre qualquer assunto, pensem da seguinte maneira; se a Globo for a favor, somos contra, e se a Globo for contra, somos a favor.”