Os desdobramentos do processo de
impeachment da presidente da República, tem nos revelado com muita clareza tudo
aquilo que me leva a considera-lo como GOLPE, e que o mesmo está mais para ser
recusado do que aprovado.
Um dos pontos mais controversos
neste debate está nos comparativos entre o impeachment do presidente Collor com
o processo atual.
Partindo do requisito de que o
processo em andamento é um julgamento POLÍTICO, naturalmente que o princípio
basilar da administração pública da MORALIDADE, Artigo 37 da Constituição
Federal de 1988, passa a ser considerada como uma espécie de cláusula pétrea
para a legitimidade do processo.
Comparando com o impeachment do
ex-presidente Collor, tínhamos na época como presidente da Câmara dos Deputados
Ibsen Pinheiro em que não havia nenhuma acusação contra ele, e o mesmo por ser
decente teve sua carreira política estrangulada por uma reportagem mentirosa da
Veja que somente foi desmascarada mais de dez anos depois.
O vice-presidente de Collor era
Itamar Franco, que dispensa comentários no quesito moralidade, ele não
conspirou na surdina e quando assumiu ele uniu o País para iniciar o processo
de implantação do Plano Real, sim foi Itamar e não FHC que idealizou o Real.
Antes de iniciado o processo de
impeachment contra Fernando Collor, foi tramitada a CPI do PC Farias que
identificou os crimes de responsabilidades que beneficiaram diretamente o
ex-presidente, havia um ato doloso e frontal materializado contra o presidente,
o atual processo foi motivado pela representação de três “juristas”,
denunciando pedaladas fiscais e com recortes de jornais como provas.
O que temos hoje é completamente
inverso, a presidente que pretendem cassar não tem absolutamente o menor
indício de qualquer fato que a tenha beneficiado diretamente ou indiretamente,
como diz o New York Times, um raro caso de político brasileiro que não tem
nenhum indicio de enriquecimento ilícito.
Outro comparativo que passo a
elencar diz respeito ao jogo de cooptação de deputados em troca de votos contra
o impeachment, a oposição “denuncia” o loteamento de cargos por parte de Dilma
e Lula, como se Temer e Cunha não estivessem fazendo o mesmo.
Diante deste cristalino fato,
fica mais do que hipócrita a reação dos golpistas contra um jogo político a
qual eles estão praticando, com as promessas de cargos e ministérios depois que
“assumirem”.
Minha suspeita de que este
impeachment não passará na plenária da câmara no dia 17 próximo, está
justamente no intenso noticiário do “Partido da Imprensa Golpista” (Globo,
Veja, Folha e Estadão) mencionando uma suposta debandada de partidos como o PP
e o PRB, e do jogo de cena lamentável do deputado Paulinho da Força e seu “bolão
do impeachment”, a qual está aberta as apostas do resultado da votação.
Este noticiário de debandada
partidária está mais para pressionar os deputados indecisos e a própria opinião
pública, que teve recuo de 68% para 61% dentre os que apoiavam o impeachment.
Se a situação estivesse de fato
propensa aos 342 votos, sem dúvidas que não estariam cantando esta vitória, o
governo não está morto e conta com TODOS OS GOVERNADORES DO NORDESTE, que
controlam considerável bancada na plenária.
Ainda temos de alertar mais uma
vez, se o apoio da opinião pública ao impeachment da presidente da República, se faz em
nome do combate a corrupção, esses cidadãos estão redondamente manipulados, pois um dos
procuradores da Lava Jato admitiu que o governo petista não interfere nos
trabalhos investigativos como os governos tucanos.
Se a presidente da República não
conta com nenhum indício ou acusação contra ela e a mesma não interfere nas
investigações, e os principais articuladores do impeachment, Temer e Cunha, são
citados na Lava jato com o segundo na condição de réu no STF por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, está mais do que evidente que se Temer assumir,
a Operação Lava Jato desaparecerá do noticiário no dia seguinte.
Se você que acaba de ler esta
matéria é favorável ao combate a corrupção, temos que deixar no poder um
governo que NÃO INTERFERE NAS INVESTIGAÇÕES de qualquer operação, e não só a
Lava Jato, o impeachment se consumado, vai se concretizar na lógica inversa do combate
a corrupção, pois os corruptos notórios sem dúvidas que irão interferir em
qualquer investigação contra eles.
Atentem-se no que dizia o sábio
Leonel Brizola:
“Se você estiver em dúvida sobre
que posição tomar sobre qualquer assunto, pensem da seguinte maneira; se a
Globo for a favor, somos contra, e se a Globo for contra, somos a favor.”