Depois da tentativa sórdida e patética das
organizações globo (com letras minúsculas mesmo) em jogar na conta de Marcelo
Freixo e do PSOL a responsabilidade pela violência nas manifestações, agora ela
está recuando devido ao bombardeio da opinião pública contra o fascismo do
editorial do Globo.
Primeiro foi Caetano Veloso questionar a
conduta das PG em sua própria coluna dominical no jornal O Globo.
Na segunda
feira (17/02) foi realizado um ato de desagravo em favor de Freixo no Rio de
Janeiro com contou com artistas, políticos, formadores de opinião e jornalistas
da própria Organizações Globo.
E nesta terça feira (18/02) as OG teve que
engolir o direito de resposta do próprio Marcelo Freixo que já circula na rede
onde mais uma vez temos a oportunidade de ver desmentida a série de publicações
covardes e levianas deste veículo de desinformação a serviço do sistema
corrupto.
Leiam abaixo a íntegra da nota de Marcelo
Freixo publicado no Globo desta terça feira, 18 de fevereiro de 2014
A exaltação de um factoide
“Não me acho acima do bem e do mal, como
insinuou o jornal, numa tentativa de desqualificar minha indignação. Mas não
vou titubear em defender minha trajetória
Marcelo Freixo
Publicado: 18/02/14 - 0h00
Pela terceira vez em menos de uma semana, O
GLOBO me cita em seus editoriais.
As diferenças do texto publicado ontem em
relação aos demais são o tom menos arrogante e o alvo.
Após a péssima
repercussão das tentativas de associar a morte do cinegrafista Santiago Andrade
a mim, o jornal assume postura mais cuidadosa, até porque o objetivo é explicar
a cobertura da tragédia aos seus leitores.
Estranho é O GLOBO não demonstrar tamanho
ímpeto editorial quando o assunto é, por exemplo, a comprovada ligação entre o
ex-governador em exercício Sérgio Cabral e o empreiteiro Fernando Cavendish.
Quantos editoriais foram dedicados ao fato de a empresa de advocacia da
primeira-dama, Adriana Ancelmo, ter contratos com concessionárias estaduais?
Quantos textos foram escritos sobre as relações entre o governador e Eike Batista?
Vamos fazer uma rápida retrospectiva. No
editorial do dia 12 de fevereiro, o jornal me trata como inimigo da democracia.
Achei interessante o grupo tocar no assunto. Afinal, no próximo 1º de abril, o
golpe militar completa 50 anos e a empresa deve ter histórias palpitantes para
contar.
Dois dias depois, o jornal afirma que meu
gabinete tem comprovada proximidade com os black blocs. Comprovada proximidade?
Creio que o manual de redação do grupo é mais criterioso do que levam a crer
seus editoriais. A comoção provocada pela morte do cinegrafista Santiago
Andrade não pode ser usada como instrumento de difamação.
Depois de tanta ferocidade, O GLOBO tenta
justificar a série de matérias produzidas, com grande destaque, sobre a minha
suposta ligação com os responsáveis pelo assassinato de Santiago.
Num tom
professoral e oportunamente sóbrio, o editorial “O dever de um jornal”,
publicado ontem, se arrisca em novos malabarismos.
Primeiro, O GLOBO tenta justificar a manchete
do dia 10 de fevereiro, que alardeia minha relação com os acusados, lembrando
que a conversa telefônica entre o advogado Jonas Tadeu Nunes e a ativista Elisa
Quadros foi registrada na 17ª DP (São Cristóvão). Logo, a existência do
documento baseado num “disse me disse” seria suficiente para que uma denúncia
grave como esta fosse divulgada.
Tudo bem, se o argumento parece tão óbvio
ululante e irrefutável para o grupo, por que os jornais “Folha de S.Paulo” e “O
Dia”, por exemplo, não se comportaram da mesma forma e nada escreveram sobre o
episódio? Então, a postura é, sim, controversa.
O tal Termo de Declaração registrado na
delegacia foi produzido de forma irresponsável por um advogado extremamente
suspeito e divulgado com destaque, no mínimo, inconsequente.
Vejam que
estranho: a conversa que suscitou as acusações ocorreu entre Jonas Tadeu Nunes
e Elisa Quadros, como o próprio advogado disse, mas o documento foi assinado
pelo estagiário Marcelo Mattoso. Além disso, o delegado Maurício Luciano não
teve acesso ao conteúdo da conversa.
Por que ele não passou o telefone ao
delegado? Por que não pôs a ligação no viva-voz? Ou seja, o Termo de
Declaração, grande “prova” do GLOBO, é frágil por ter sido produzido sem
qualquer cuidado.
Até aquele momento, ainda não sabíamos que
Jonas Tadeu Nunes já fora condenado por danos morais, enriquecimento sem
justificativa, e danos morais e materiais em três processos distintos — não vi
O GLOBO destacar isso durante a cobertura.
Apesar disso, sua atitude, naquele
dia 9 de fevereiro, é digna de estranheza. Jonas Tadeu Nunes não agiu como
advogado nem como defensor dos interesses de seu cliente ao pegar o Termo de
Declaração, imediatamente após o seu registro, e entregar nas mãos de uma
repórter da TV Globo.
Por que O GLOBO não se interessa tanto pela
conduta tão controversa e suspeita do advogado, como o faz quando ele dirige
acusações sem provas contra mim? Enquanto veículos e colunistas de outros
jornais, como Jânio de Freitas, da “Folha de S.Paulo”, acham tudo muito
estranho, Jonas Tadeu Nunes reina sob os holofotes globais e leiloa
informações.
Quando acusa, o advogado recebe mais destaque que o delegado,
responsável pelo inquérito.
O autor do editorial mente ao escrever que eu
afirmei não saber de nada ao ser procurado por Artur, da equipe de produção da
emissora, naquele mesmo dia. Em momento algum neguei ter falado com Elisa
Quadros ao telefone.
Ela me ligou exclusivamente para relatar que temia a
possibilidade de Fábio Raposo ser torturado no presídio. Eu falei que isso não
aconteceria e desliguei. Sou presidente da Comissão de Direitos Humanos da
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e dezenas de pessoas me procuram para
fazer denúncias.
Também não criei obstáculos para dar
entrevista. Pelo contrário, dar entrevistas é o que mais tenho feito nestes
últimos dias. Só pedi que o tal documento me fosse encaminhado antes. Afinal,
não posso falar sobre algo cujo conteúdo desconheço. O jornal cumpriu sua
obrigação de me ouvir, mas foi leviano ao publicar uma manchete baseada em
“provas” extremamente frágeis. No fim da chamada de capa, o fatal: “O
parlamentar nega.”
O GLOBO insiste em dizer que foi imparcial e
comedido ao tratar do assunto durante a semana. Não foi. Basta ler os
editoriais publicados e citados aqui. Como não havia provas e mais informações
para me associar a esta tragédia, os ataques saíram dos espaços de notícia para
os de Opinião.
Não me acho acima do bem e do mal, como insinuou o jornal, numa
tentativa de desqualificar minha indignação. Mas não vou titubear em defender
minha trajetória ante acusações estapafúrdias.
Agora, o jornal tenta se esconder sob o manto
da “missão jornalística” para justificar o noticiário desmedido e leviano
dirigido contra mim e o PSOL.
O papel nobre que O GLOBO atribuiu a si mesmo
ontem, numa linguagem tão prudente, é mais uma tentativa de subestimar a
inteligência de seus leitores.
Se não houvesse tanta indignação social e
manifestações de solidariedade a mim — inclusive de jornalistas da própria Rede
Globo —, essa autocrítica mambembe sequer teria sido feita. Pedir desculpas é um
gesto que exige grandeza.”