segunda-feira, 31 de março de 2014

Ibope revela que Jango tinha amplo apoio popular antes do golpe de 64

Este ano, o golpe militar de 64 completa 50 anos e novos dados vão sendo agregados à história daquele período. Pesquisas feitas pelo Ibope às vésperas do golpe, em 31 de março, foram divulgadas recentemente e mostram que o presidente João Goulart, deposto pelos militares, tinha um amplo apoio popular. Estas pesquisas não foram reveladas à época e estão sendo catalogadas pela Universidade Estadual de Campinas.

Pelas pesquisas, Jango ganharia as eleições do ano seguinte se elas tivessem ocorrido. Entrevistas realizadas na cidade de São Paulo na semana anterior ao golpe mostravam que quase 70% da população aprovava as medidas do governo.

O historiador da UnB Antonio Barbosa explica que era evidente que João Goulart tinha apoio porque obteve 500 mil votos a mais que o presidente Juscelino Kubitschek em 55. E em 60, foi eleito vice-presidente apesar da derrota do candidato à presidência de sua chapa, o Marechal Lott:

"O quadro que se cria a partir de 63 é de crescente radicalização ideológica e, nesse quadro, a Igreja Católica, o empresariado de uma forma geral, a maioria absoluta das Forças Armadas e a imprensa brasileira vão assumir uma posição contrária a essas reformas de Jango na medida que, naquele ambiente, naquele contexto, naquela conjuntura, elas poderiam ser identificadas como a "comunização", a "esquerdização", a "bolchevização" do país".

Para o deputado Jair Bolsonaro, do PP do Rio de Janeiro, o perigo comunista era real:
"Nós estávamos à beira de ser implantada aqui a ditadura do proletariado. Os empresários queriam que os militares assumissem, toda a Igreja Católica queria que os militares assumissem. Ou seja, toda sociedade queria afastar o fantasma da ditadura do proletariado que estava presente em nosso país"

O deputado Chico Alencar, do Psol do Rio de Janeiro, acredita que a população foi manipulada:
"Criou-se a ideia de que o Brasil estava num caos total, que Jango queria implantar o comunismo no país, era a época da "guerra fria", da forte polarização do mundo entre União Soviética e seus países próximos e Estados Unidos e seus aliados. E acabam fazendo uma manipulação grosseira para influenciar a opinião pública"

Na pesquisa realizada em São Paulo, 80% dos paulistanos eram contra a legalização do Partido Comunista do Brasil.