Da redação Pragmatismo Político - Publicado em 16
de janeiro de 2015
Reinaldo Azevedo está furioso com o Papa Francisco. Além de
receber os movimentos sociais no Vaticano, de intermediar o reatamento
diplomático entre EUA e Cuba e de dar uma chacoalhada na decadente hierarquia
católica, o pontífice argentino ainda resolveu criticar a libertinagem da mídia
Por Altamiro Borges
Reinaldo Azevedo – também apelidado de “pitbull da Veja” e de
“rottweiler da Folha” numa baita injustiça contra os cãezinhos – está irritado
com o Papa Francisco. Além de receber os movimentos sociais no Vaticano, de
intermediar o reatamento diplomático entre EUA e Cuba e de dar uma chacoalhada
na decadente hierarquia católica, o pontífice argentino ainda resolveu criticar
a libertinagem da mídia.
“Há limites para a liberdade de expressão”, afirmou o religioso na sua visita às Filipinas. Esta declaração, na contracorrente da comoção criada pelo atentado ao jornal“Charlie Hebdo”, deixou o jornalista histérico. Em artigo publicado nesta
sexta-feira (16), na Folha, ele rosnou: “Francisco, por que não te calas?”.
Para o “libertário” Reinaldo Azevedo – que até hoje não
prestou solidariedade aos seus colegas demitidos na Veja e na Folha –, as
opiniões do Papa sobre o atentado na França “são covardes, imprecisas e
politiqueiras”. Ele até admite que rejeita a linha satírica do jornal francês.
“Não gosto do ‘Charlie Hebdo’. Não vejo graça numa charge em que Hitler aparece
saltitante, dando um alô pra ‘judeuzada’.
Ou em que o papa Bento 16 troca carícias com um soldado da
Guarda Suíça. Ou em que um árabe lambe o traseiro de um judeu”. Mas garante
que, mesmo assim, defende a total liberdade de expressão. A mídia monopolista,
que apoiou ditaduras sanguinárias e guerras imperialistas, também jura defender
esta tal liberdade.
Contraditoriamente, porém, o colunista dá apoio à polícia
francesa, que deteve na quarta-feira (14) “um delinquente disfarçado de humorista chamado Dieudonné. Seu lugar é a cadeia. E não porque recite
discursos de um antissemitismo tarado, mas porque faz a apologia da violência”.
O mundo é realmente contraditório e não cabe na visão doentia dos maniqueístas.
Isto talvez explique o ódio de Reinaldo Azevedo. Para ele, “Francisco tem
cabeça e postura de cura de aldeia, não de papa. Suas entrevistas ambíguas são
detestáveis. Suas opiniões sobre o atentado e a liberdade de expressão são
covardes, imprecisas e politiqueiras… Ainda bem que nenhum católico vai tentar
me dar mil chicotadas por isso”.
Em artigo recente, o teólogo Leonardo Boff alertou que está
em curso uma campanha internacional de difamação do Papa Francisco. Ela
partiria de setores descontentes do próprio Vaticano e contaria com o apoio de
jornalistas da mídia conservadora.
O objetivo seria conter as mudanças promovidas pelo líder
religioso, que visam arejar a decadente hierarquia católica no mundo. Pelo
jeito, Reinaldo Azevedo decidiu reforçar o coro dos detratores do Papa. Em
certa oportunidade, o próprio Leonardo Boff apelidou o serviçal da Veja e da Folha de “rola-bosta” – aquele besouro que enterra o esterco. Será que algum
dia o “pitbull” será exorcizado?