Uma das principais
características do governo Eduardo Paes frente a prefeitura da cidade do Rio de
Janeiro é a SEGREGAÇÃO, desde o nascedouro de seu primeiro mandato que suas
intervenções urbanas têm se resultado em um verdadeiro desastre social, tudo em
nome da ânsia em se atender os mais alheios interesses em nome de um legado
olímpico que será uma incógnita tão inquietante como o legado de nossa Copa de
2014.
A maneira como o governo tem
lidado com as comunidades que são alvo das remoções para obras olímpicas,
retrata muito bem o que estamos testemunhando nas praias da zona sul como
reflexo da total ausência de contrapartida social do poder público, que sem
dúvidas foram sonegadas pela prefeitura em diversas áreas da administração
pública.
Imaginem vocês, moradores de
Copacabana, Ipanema e Leblon acordarem com uma tropa da prefeitura demolindo
seu prédio para dar lugar a alguma incorporação imobiliária a qual você não
poderá fazer parte? Isso sem nenhuma preocupação em buscar uma solução pelo
entendimento.
A cidade do Rio de Janeiro
conta com TRÊS campos de golfe, que bastando pequenas intervenções e adaptações
qualquer um deles podem abrigar as competições olímpicas desta modalidade,
porém, para atender o interesse da especulação imobiliária a prefeitura vai
torrar centenas de milhões de reais de recursos públicos em um quarto campo de golfe, que dentro
dele será construído um condomínio de luxo para pessoas que nada tem a ver com
o interesse público.
O governo Eduardo Paes já se
consolidou como o que mais removeu famílias pelos mais diversos motivos, ele
superou e muito Pereira Passos e Carlos Lacerda ao superar as 20 mil famílias removidas,
a maioria delas reassentadas em locais sem nenhuma condição digna de
socialização comunitária.
No caso da Vila Autódromo
ficará evidente a responsabilidade do governo pela crescente da violência, pois
nesta comunidade não há tráfico de drogas e muito menos milícia, um local
completamente pacificado pela própria história que desaparecerá para a
construção do parque olímpico, e os moradores desta pacificada comunidade em
sua maioria serão reassentados em outras comunidades impregnadas pelo crime e
pelo abandono social.
Esta onda de arrastões e
crimes cometidos por jovens da periferia na zona sul da cidade, é a mais exata
constatação de que o programa das Unidades de Polícia Pacificadora não fracassou
somente dentro do contexto da segurança pública, e sim também na intenção de se
recuperar o território que antes era dominado pelo tráfico com ações e políticas
públicas de inclusão social dentro das comunidades ocupadas.
Observem que as maiores intervenções
governamentais inseridas em algumas comunidades que tiveram implantadas as UPP’s
não foram obras de novas escolas, creches, unidades de saúde e saneamento, e
sim inutilidades sociais como o gigantesco e faraônico teleférico no Complexo
do Alemão, sem nenhuma perspectiva de nos oferecer qualquer resultado social
positivo.
O cidadão carioca que reside
nas periferias tem sofrido constantes arrastões comandados por empreendedores
que residem em áreas nobres como a zona sul e Barra da Tijuca, esses a muito
tempo vem promovendo seus arrastões imobiliários, com a diferença de que os
arrastões cometidos pelos delinquentes periféricos nas praias resultam em
roubos de celulares e joias,
Por outro lado, os arrastões da especulação imobiliária e da corrupção do governo Paes estão subtraindo comunidades inteiras de milhares de cariocas que estão perdendo suas referências sociais com as remoções.
Por outro lado, os arrastões da especulação imobiliária e da corrupção do governo Paes estão subtraindo comunidades inteiras de milhares de cariocas que estão perdendo suas referências sociais com as remoções.
Não adianta os cariocas da
zona sul se rebelarem na base da truculência e do justiçamento contra os
cariocas da zona norte, se eu por exemplo, tiver um acesso de fúria com um taco
de basebol em mãos, sem dúvidas que iria desferi-lo no Rodrigo Bethlen, que
comprovadamente surrupiou 60 milhões da Secretaria de Desenvolvimento Social e
Habitação para contas secretas no exterior, e se não fosse sua ex-esposa ter
denunciado este escândalo muito bem abafado, absolutamente ninguém iria saber,
e muito provavelmente ele seria o nome forte para suceder Paes em 2016.
O acesso de fúria irracional
acometido em diversos moradores de Copacabana contra os jovens da zona norte
que estavam indo embora para casa neste fim de semana, resultou na agressão a um
menor de 14 anos que não havia cometido crime algum, é a prova mais do que
concreta de que a barbárie está estabelecida ao passo que muita gente
inteligente e bem informada está aceitando o inaceitável.
Muito mais fácil, menos
arriscado e mais dignificante se esses mesmos cidadãos revoltados da zona sul
contra os delinquentes da zona norte tivessem uma postura consciente de seus
deveres quanto cidadãos, aposto que nenhum desses que praticam o apoiam o
justiçamento tem a mesma disposição em denunciar um caso de corrupção flagrado
na prefeitura, se esses mesmos justiceiros encontrar com um político corrupto
sem dúvidas que eles irão até querer fazer um selfie com o Eduardo Paes ou com
o Rodrigo Bethlen, e no entanto, são personagens como esses dois que estão
promovendo toda esta baderna na cidade de vocês.
Que fique o alerta de que a
permissividade desta barbárie justiceira que se desenrola em Copacabana pode
resultar no mesmo sentimento nas populações das favelas, pois se o pai deste
garoto de 14 anos agredido injustamente decidir fazer o mesmo com as próprias
mãos, teremos um verdadeiro cenário de guerra urbana.
E fiquem certos que as populações das favelas são muito mais numerosas do que as da zona sul.
E fiquem certos que as populações das favelas são muito mais numerosas do que as da zona sul.
Para entendermos porque que os moradores da zona norte estão fazendo com vocês moradores da zona sul, primeiro temos que entender e nos indignar com o que o governo Eduardo Paes tem feito de injusto e desumano com a população das periferias cariocas.
Texto: Frederico Sueth
Fotos/Imagens: Arquivo/Google