terça-feira, 22 de setembro de 2015

A origem do caos está nos “arrastões” do governo municipal do Rio de Janeiro

Uma das principais características do governo Eduardo Paes frente a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro é a SEGREGAÇÃO, desde o nascedouro de seu primeiro mandato que suas intervenções urbanas têm se resultado em um verdadeiro desastre social, tudo em nome da ânsia em se atender os mais alheios interesses em nome de um legado olímpico que será uma incógnita tão inquietante como o legado de nossa Copa de 2014.

A maneira como o governo tem lidado com as comunidades que são alvo das remoções para obras olímpicas, retrata muito bem o que estamos testemunhando nas praias da zona sul como reflexo da total ausência de contrapartida social do poder público, que sem dúvidas foram sonegadas pela prefeitura em diversas áreas da administração pública.

Imaginem vocês, moradores de Copacabana, Ipanema e Leblon acordarem com uma tropa da prefeitura demolindo seu prédio para dar lugar a alguma incorporação imobiliária a qual você não poderá fazer parte? Isso sem nenhuma preocupação em buscar uma solução pelo entendimento.


A cidade do Rio de Janeiro conta com TRÊS campos de golfe, que bastando pequenas intervenções e adaptações qualquer um deles podem abrigar as competições olímpicas desta modalidade, porém, para atender o interesse da especulação imobiliária a prefeitura vai torrar centenas de milhões de reais de recursos públicos em um quarto campo de golfe, que dentro dele será construído um condomínio de luxo para pessoas que nada tem a ver com o interesse público.

O governo Eduardo Paes já se consolidou como o que mais removeu famílias pelos mais diversos motivos, ele superou e muito Pereira Passos e Carlos Lacerda ao superar as 20 mil famílias removidas, a maioria delas reassentadas em locais sem nenhuma condição digna de socialização comunitária.

No caso da Vila Autódromo ficará evidente a responsabilidade do governo pela crescente da violência, pois nesta comunidade não há tráfico de drogas e muito menos milícia, um local completamente pacificado pela própria história que desaparecerá para a construção do parque olímpico, e os moradores desta pacificada comunidade em sua maioria serão reassentados em outras comunidades impregnadas pelo crime e pelo abandono social.

Esta onda de arrastões e crimes cometidos por jovens da periferia na zona sul da cidade, é a mais exata constatação de que o programa das Unidades de Polícia Pacificadora não fracassou somente dentro do contexto da segurança pública, e sim também na intenção de se recuperar o território que antes era dominado pelo tráfico com ações e políticas públicas de inclusão social dentro das comunidades ocupadas.

Observem que as maiores intervenções governamentais inseridas em algumas comunidades que tiveram implantadas as UPP’s não foram obras de novas escolas, creches, unidades de saúde e saneamento, e sim inutilidades sociais como o gigantesco e faraônico teleférico no Complexo do Alemão, sem nenhuma perspectiva de nos oferecer qualquer resultado social positivo.

O cidadão carioca que reside nas periferias tem sofrido constantes arrastões comandados por empreendedores que residem em áreas nobres como a zona sul e Barra da Tijuca, esses a muito tempo vem promovendo seus arrastões imobiliários, com a diferença de que os arrastões cometidos pelos delinquentes periféricos nas praias resultam em roubos de celulares e joias, 
Por outro lado, os arrastões da especulação imobiliária e da corrupção do governo Paes estão subtraindo comunidades inteiras de milhares de cariocas que estão perdendo suas referências sociais com as remoções.

Não adianta os cariocas da zona sul se rebelarem na base da truculência e do justiçamento contra os cariocas da zona norte, se eu por exemplo, tiver um acesso de fúria com um taco de basebol em mãos, sem dúvidas que iria desferi-lo no Rodrigo Bethlen, que comprovadamente surrupiou 60 milhões da Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação para contas secretas no exterior, e se não fosse sua ex-esposa ter denunciado este escândalo muito bem abafado, absolutamente ninguém iria saber, e muito provavelmente ele seria o nome forte para suceder Paes em 2016.

O acesso de fúria irracional acometido em diversos moradores de Copacabana contra os jovens da zona norte que estavam indo embora para casa neste fim de semana, resultou na agressão a um menor de 14 anos que não havia cometido crime algum, é a prova mais  do que concreta de que a barbárie está estabelecida ao passo que muita gente inteligente e bem informada está aceitando o inaceitável.

Muito mais fácil, menos arriscado e mais dignificante se esses mesmos cidadãos revoltados da zona sul contra os delinquentes da zona norte tivessem uma postura consciente de seus deveres quanto cidadãos, aposto que nenhum desses que praticam o apoiam o justiçamento tem a mesma disposição em denunciar um caso de corrupção flagrado na prefeitura, se esses mesmos justiceiros encontrar com um político corrupto sem dúvidas que eles irão até querer fazer um selfie com o Eduardo Paes ou com o Rodrigo Bethlen, e no entanto, são personagens como esses dois que estão promovendo toda esta baderna na cidade de vocês.

Que fique o alerta de que a permissividade desta barbárie justiceira que se desenrola em Copacabana pode resultar no mesmo sentimento nas populações das favelas, pois se o pai deste garoto de 14 anos agredido injustamente decidir fazer o mesmo com as próprias mãos, teremos um verdadeiro cenário de guerra urbana. 
E fiquem certos que as populações das favelas são muito mais numerosas do que as da zona sul.
Para entendermos porque que os moradores da zona norte estão fazendo com vocês moradores da zona sul, primeiro temos que entender e nos indignar com o que o governo Eduardo Paes tem feito de injusto e desumano com a população das periferias cariocas.


Texto: Frederico Sueth
Fotos/Imagens: Arquivo/Google