sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Varre-Sai RJ - Tem café, vinho de jabuticaba e impunidade







Varre-Sai é uma bucólica cidade do Noroeste Fluminense. É conhecida como polo de produção de café e o vinho de jabuticaba, uma fruta tropical que substitui a uva na produção desta bebida destilada. 

O vinho local é uma marca registrada que surgiu pelas mãos dos europeus e ganhou até um festival anual, quando a cidade elege a Garota do Vinho. Belas mulheres, por sinal, é outra característica da terra.

O cultivo da jabuticaba é farto na Região e ao se defrontar com a dificuldade de produção de uvas, as famílias de imigrantes italianos que chegaram neste território não tardaram em adaptar a técnica de produção ao consumo deste fruto tropical apontado como detentor de propriedades medicinais. 
O resultado é uma bebida deliciosa, cujo teor alcoólico é natural, extraído da própria casca da fruta que fica armazenada em tonéis antes da destilação.

No mesmo território que a fartura do café e do vinho peculiar conquista notoriedade, brotam denúncias de corrupção envolvendo o prefeito Everardo Oliveira Ferreira (PP), uma figura controvertida, que ganhou fama nacional por meio de um vídeo gravado quando vociferava na porta de um jornal local. 
A cena ainda está disponível numa página no Youtube.

Sua ficha judicial é extensa e cresce na mesma proporção em que a morosidade judicial retarda o andamento dos processos. Uma das poucas decisões que frutificaram, foi em agosto de 2011, quando o prefeito teve os bens bloqueados na Comarca de Natividade em decorrência de uma ação popular promovida pelo cidadão Manoel Reis Júnior. 
A denúncia aponta fraude em licitação para a contratação da empresa K.D. Martins de Oliveira Pinto (Jornal o Diário do Noroeste). A empresa foi contratada por meio de uma Tomada de Preços.

A decisão, além de Everardo, atingiu mais quatro pessoas: Ralph Nunes Figueira, Fabio Alexandre Bendia Martins e Melchior Ezequiel Coimbra Pelegrini, que na época integravam a Comissão de Licitação da Prefeitura. 
O valor do bloqueio atingiu o limite de R$ 100 mil dos réus.

Cheio de problemas, mas sem medo de ser feliz


Everardo não demonstra inquietação diante dos órgãos de Controle de Externo. A Câmara de Vereadores, por exemplo, é dócil frente ao executivo. O pedido de abertura de uma CPI protocolado pelo vereador da oposição Sanderson Heleno (PPL), o Sandrinho, para investigar um suposto desaparecimento de material de construção comprado pela Prefeitura demorou oito meses para ser aprovado. Protocolado desde junho do ano passado, só agora, no último dia 18, saiu da gaveta. A mesma denúncia aponta suspeita de irregularidade na mesma licitação para a compra do material.

O processo é um balaio de gatos. Há indícios de distorção entre o que foi pedido para comprar, o que foi efetivamente comprado (se é que foi comprado) e o que foi pago pelo município. 
A compra foi no período eleitoral, mas ninguém é capaz de dizer se a mercadoria foi efetivamente entregue. A única certeza é que foi pago o valor de R$ 93.318.070.

O mesmo pedido de CPI foi endossado pelos vereadores Antônio Machado e Rogério Júnior, o Picachu, ambos do PMDB. Dos três, apenas Antônio Machado foi nomeado como integrante da Comissão. Os demais integrantes são dois vereadores que foram contrários a CPI. 
Isso demonstra que o instrumento que deveria fiscalizar os atos do executivo já nasceu com data marcada para morrer por falência múltipla de princípios.

Everardo Ferreira está no segundo mandato. Foi reeleito em 2012, favorecido pela divisão dos votos da oposição, que teve dois candidatos na disputa do pleito. Mas ele obteve menos de 50% dos votos. 
A eleição foi polêmica e deixou como legado um festival de batalhas judicias. Num dos processos, com farto material comprobatório, o prefeito é acusado de inúmeras condutas vedadas.

Enquanto a justiça tarda, Everardo se mantém no cargo, no mínimo, festejando a impunidade com boas doses de vinho de jabuticaba.

Fonte: *Do Jornal VIU!