segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eleições 2014 | Os números finais que retratam outro resultado

O resultado final das eleições de 2014 na corrida presidencial jogou na lona diversas perspectivas e mitos amplamente defendidos como argumento de voto principalmente para a candidatura oficial, do PT.

Os números finais com pouco mais de 52 milhões de votos para a petista e com um pouco mais de 50 milhões de votos para o tucano nos revela que o PT ganhou a eleição muito, mas muito mais por conta da máquina governamental e suas alianças conservadoras do que propriamente por conta de suas políticas sociais tanto propagadas por todos os que levantaram opinião nessas eleições.

Se analisarmos os próprios números propagados pela presidente Dilma de que atualmente o bolsa família atinge algo em torno de 50 milhões de pessoas podemos facilmente constatar que os beneficiados pelo programa sequer votaram no PT em sua maioria absoluta, pois temos que inserir nesses 52 milhões de votos os beneficiados do Pronatec, Senac, Prouni, Mais Médicos, Pac 2, Minha Casa, Minha Vida dentre tantos outros programas sociais do governo federal.

A meu ver o que de fato levou a Dilma Roussef ter a expressiva votação constatada nas urnas nordestinas não foi essencialmente o Bolsa Família junto com os demais programas sociais do governo federal, e sim suas alianças com as tradicionais oligarquias políticas nordestinas, a indústria na seca e da fome trabalhou forte por lá, bastando constatarmos que a vitória mais expressiva de Dilma sobre Aécio foi no estado do Maranhão, eterno curral da família Sarney com os piores índices de desenvolvimento humanos e sociais dentro do próprio nordeste.

Pergunto se a acachapante vitória petista no Maranhão se deu por conta dos programas e realizações petistas? Obviamente que não se constatarmos os miseráveis índices sociais e humanos neste estado.

O que levou a expressiva votação petista no nordeste foi tão somente o fato de todos os coronéis oligárquicos do nordeste apoiaram o PT, como apoiavam o PSDB no período tucano do governo federal, as mesmas engrenagens conservadoras dos corneis de sempre. Estavam todos lá, Sarney, Renan Calheiros, Collor dentre tantos.

Dentro do contexto da máquina pública federal temos atualmente mais de 20 mil cargos de confiança, se somarmos os contratados e terceirizados pelo governo este número pode chegar a quase 100 mil cabos eleitorais contratados pelo PT, ainda temos os assessores parlamentares da base governista onde cada deputado federal tem em média 25 assessores multiplicados por no mínimo 300 deputados.

A ingerência da máquina pública também veio à baila com o governo “segurando” resultados do IPEA que certamente iria carregar a agenda negativa do governo federal em plena campanha, a situação foi tão grave que dois diretores técnicos do órgão pediram exoneração do cargo tamanha a interferência do governo. Como debater com uma candidatura oficial que omite dados oficiais de sua própria gestão?

E o que dizer do desempenho dos institutos Datafolha, Ibope e MDA que passaram a semana final do segundo turno apontando vantagem de até 8% para Dilma, e esses mesmos institutos juntos faturaram mais de 12 milhões em contratos com o governo federal? Alguém tem dúvidas que as pesquisas influenciaram centenas de milhares de eleitores nos dois turnos com seus resultados passando longe do que se consumou?

Na internet o PT é imbatível haja visto que desde 2010 que ele financia um exército de blogueiros e articulistas que trabalham diariamente tendo ou não eleição na propagação de informações que alimentam a agenda positiva do governo, a chamada “blogsfera” petista teve papel determinante na guerra de informações na disputa eleitoral. 
O principal êxito publicitário petista ao chegar no poder foi desconstruir de maneira implacável com a imagem do PSDB desde quando assumiu o poder em janeiro de 2003, nada mais hipócrita em satanizar o Armínio Fraga em um governo onde Henrique Meireles foi presidente do Banco Central por oito anos.

O resultado final dessas eleições demonstra de forma cristalina que o discurso de esquerda e direita tão propagado nos debates políticos não passou de mera falácia, não foi uma divisão entre pobres e ricos que nos mostrou o resultado, caso fosse poderíamos constatar que quase metade do eleitorado brasileiro é do andar de cima, que anda em possantes camionetes e que faz parte da elite burguesa que pretende dominar o país.

Dando contornos finais a vitória petista tivemos ao longo dos últimos doze anos um congresso totalmente subserviente com o executivo, o PSDB como opositor é uma lástima que somente facilita o trabalho do PT se manter no poder.