Nessas eleições presidenciais de 2014 que se encerram neste
domingo, 26 de outubro de 2014, muito se debateu, denunciou e acusou sobre toda
sorte de assunto, porém o principal vetor de quase todas as mazelas sociais
passou à margem de todos os debates e discussões sobre o futuro do país.
O sistema midiático muito contribui para que se exclua dos
debates o principal ponto a ser combatido para que tenhamos resultados nos
serviços públicos de saúde, educação e moradia dentro do contexto da
assistência social.
E no artigo em tela me refiro a corrupção nas cidades de
pequeno porte em todos o país, impressiona como os desvios cometidos nas
prefeituras não levantem da zona de conforto, principalmente os candidatos governistas
da esfera federal.
O governo tem em mãos dados de repasses bilionários para
esses três setores, mas os serviços não chegam a seu destino.
A situação é tão inusitada que chega ao ponto do governo
federal cumprir com sua obrigação de repassar os recursos para os municípios, e
os mesmos em sua maioria desviam grande parte dos mesmos.
Observem que toda reportagem que retrata o caos da saúde
pública sempre registra imagens de Unidades Básicas de Saúde ou escolas de
ensino fundamental caindo aos pedações e em instalações precárias e insalubres
todos tem logo em mente toda a responsabilidade no governo federal.
Mas a realidade administrativa nos revela que esses casos a
responsabilidade são única e exclusivamente dos municípios e seus governos
corruptos, e fico pasmo em ver o governo federal assumir com essa culpa sem
denunciar a corrupção nas prefeituras.
E nenhum dos candidatos tanto da oposição
como da situação em momento algum propuseram a criação de mecanismos mais
rígidos contra desvios de recursos públicos, como pode por exemplo um médico de
PSF de Bom Jesus do Itabapoana receber apenas R$ 2.000,00 se o governo federal
repassa um auxílio de R$ 3.500,00 para garantir o piso?
Para onde vai esses R$
1.500,00 que são desviados? É por isso que os médicos não querem trabalhar em
nosso sistema de atenção básica de saúde.
O governo federal disponibilizou bilhões para obras de
saneamento do programa Pac 2, mas esses recursos somente servem de peça
publicitária bastando analisar friamente como se desvia recursos públicos na
obra de saneamento do bairro Lia Márcia, onde temos uma obra de péssima
qualidade com constantes problemas e uma empresa suspeita tocando a todo vapor
um projeto de extrema complexidade.
O mesmo programa Pac 2 distribuiu milhares de máquinas e
caminhões para programas de incentivo ao pequeno produtor rural, mas do que
adianta toda publicidade nessas ações se os equipamentos quando chegam nos
municípios são utilizados para outros fins? Veja o exemplo do Bom Jesus do
Norte em que temos praticamente toda patrulha mecanizada da secretaria de
agricultura a serviço da coleta de lixo, inclusive com o próprio secretário
atuando como gari.
E o que dizer do escárnio promovido com os royalties de petróleo? Vocês sabem como estão sendo apicados os royalties de petróleo que chegam em nossa cidade? Sabem quanto chega de royalties todos os meses?
Em média Bom Jesus do Itabapoana recebe R$ 670.000,00 todos os meses de royalties de petróleo, entretanto esses recursos estão sendo utilizados à revelia do recomenda a lei, tanto que temos uma centena de ruas sem calçamento e diversos bairros sem água tratada.
Porém em jantares e festas eleitoreiras nossos royalties estão escoando pelo ralo, shows, eventos e toda sorte de desvio de função desses recursos são praticados entra ano sai ano.
Se é para discutir sobre saúde, educação e serviço social
primeiramente temos que fazer uma profunda reflexão e uma exigente autocrítica
sobre nossas condutas como cidadãos, será que todos nós entendemos de fato o
verdadeiro papel a ser praticado pelos cidadãos de acordo com a constituição de
1988? Será que temos total consciência de nossos deveres cidadãos previstos no
estatuto das cidades?
A questão é essa, se não lutarmos em nossas cidades pela
aplicação correta do destino dos recursos públicos nas prefeitura de nada
adiantará protestarmos contra o que ocorre em Brasília, temos primeiro ter conhecimento
do papel representado em cada esfera de poder, e saber exatamente a quem cobrar
pelos serviços públicos de qualidade.