quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Segundo turno presidencial | Carteado marcado

Ensaio inspirado na realidade

Em um continente tropical, um país com dimensões continentais, com uma enorme diversidade de povos imigrantes na formação de sua sociedade. 

Inicialmente colônia, gritando a independência e depois passando a ser república com o estabelecimento do sistema político que alternou no último século entre regimes autoritários e democráticos.

As origens colonialistas e escravagistas estabeleceu neste país um sistema social comandado pela minoria aristocrática sempre na exploração da classe trabalhadora em sua maioria descendentes dos escravos da época colonial, até que nos anos trinta surgiu no cenário da político nacional o velho caudilho de São Borja que contrariou profundamente de morte os interesses dos aristocratas exploradores da classe operária.

Este caudilho golpeou o andar de cima com a Consolidação das Leis Trabalhistas na determinação de regras que atingiram em cheio o principal fator do interesse financeiro dos aristocratas no país, o LUCRO.

O caudilho talvez tenha sido o vértice do estabelecimento do interesse financeiro no comando dos destinos políticos do país, só que ele além de ter estabelecido regras primazes em favor da classe trabalhadora ele ao mesmo tempo foi o responsável pela modernização do país com o processo de industrialização promovido por ele.

Seu primeiro mandato durou mais de uma década em um regime autoritário e repressivo contra a imprensa que o criticava e com os políticos opositores, ele demonstrou um desempenho político notável na segunda guerra mundial onde no começo flertava com Hitler e Mussolini e no final se engajou com os aliados na tomada de Monte Castelo, em troca os Estados Unidos da América despejou milhões de dólares para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional.

Em 1945 ele foi alvo de um golpe militar, porém com sua notória habilidade ele aceitou o golpe e renunciou sem a menor resistência garantindo ainda o direito a se candidatar a uma vaga no senado pelo seu estado, ensaiando assim seu retorno triunfal nas eleições de 1950.
De volta ao poder ele deu prosseguimento ao seu projeto trabalhista permanecendo a contrariar os interesses do lucro, seja das grandes empresas ou pelos principais veículos de comunicações existentes na época.

Seu segundo governo foi turbulento politicamente e mesmo assim ele ainda inaugurou a Petrobras, porém logo a seguir vieram uma sequência de fatos que o desgastaram culminando com o atentado sofrido por seu principal opositor da época, um ácido jornalista que se elegeria como deputado federal nas eleições de 54.

Naquele ano de 54 já se movimentava nos bastidores do poder paralelo a insatisfação dos interesses em sintonia com o alto comando militar do país, o golpe estava pronto até que o caudilho disparasse contra o próprio peito promovendo uma impressionante mobilização popular em profunda comoção, sua atitude retardou em dez anos o golpe que os militares planejaram.

Jango em BJI - Acervo Paulo Silveira
Passou o tempo e no ano de 64 tínhamos um outro caudilho no governo e com a mesma vertente política de seu mestre inspirador que estava promovendo profundas reformas de base que também atingia em cheio o coração do sistema, o interesse pelo lucro estava novamente ameaçado com a nacionalização de empresas de petróleo e com a ampla reforma agrária proposta.

Os militares atendendo ao clamor do poder financeiro aplicaram o golpe junto com parlamentares conservadores estabelecendo um regime autoritário durante vinte anos.

E desde a redemocratização que o mesmo sistema com interesses financeiros se manteve dando as cartas nos processos políticos deste país, foi assim em 1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e assim será em 2014

Observem que neste segundo turno tivemos duas rodadas de pesquisas dos institutos IBOPE e Datafolha que apresentaram resultados idênticos dando 51% para o tucano e 49% para a petista. 

Outros dois institutos apresentaram um resultado com vantagens expressivas em favor do tucano, com o Instituto Sensus dando uma gritante margem de 17% sobre a petista. 
Em momento algum surgiu pesquisa alguma com ampla vantagem para a petista.

Desde ano passado que venho dizendo aos amigos que conversam sobre política que o PT perderá essas eleições, o sistema não mais o quer e o interesse do capital ordena lá de fora que temos que mudar de governo, pois o atual flerta com governos "anti-imperialistas" na América Latina e converge com "terroristas" no oriente médio, somente isso já basta para causar a ira do sistema na política internacional.

Não duvido que a vantagem do tucano seja de fato considerável frente à petista, o sistema informativo tem trabalhado duramente para desgastar ao máximo o regime petista, o noticiário da delação petrolífera veiculada a “conta gotas” é um exemplo claro disso. 


O único veículo de comunicação que se posicionou declaradamente em favor do governo petista nessas eleições acusou o golpe no Facebook ao publicar uma reportagem de 1996 sobre um grampo telefônico comprometedor ligando FHC e seu ministro das telecomunicações no processo de privatizações das teles.

A revista Carta Capital nunca se pautou por este tipo de linha editorial, esta publicação é um sinal claro que a situação petista é de uma iminente derrota, o noticiário do setor econômico está praticamente impondo a eleição do tucano para garantir a retomada do “crescimento”, e este poder do capital é capaz de tudo para derrubar um governo para colocar o de seu interesse, até mesmo fraudar as urnas eletrônicas.

As pesquisas encomendadas pela Globo que apresentaram resultados idênticos entre quarta-feira passada e hoje também é fruto do interesse financeiro, desta vez o interesse em manter a disputa empatada com uma leve vantagem do tucano são das Organizações Globo. 

Basta analisarmos que teremos o segundo debate nesta noite, outro no domingo com o da Globo sendo o último, e com um dos candidatos com larga vantagem sobre o outro a audiência do último debate será nula devido as pesquisas indicarem um vencedor antecipado, tirando assim o interesse do telespectador.

Nosso voto nunca foi soberano, nós jamais elegemos quem de fato poderíamos pretender eleger, os interesses financeiros manipulam todo o processo para que seus candidatos preferenciais sejam eleitos e assim será em 2014.