Jornal do Brasil | Em um discurso histórico, o presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, anunciou nesta quarta-feira (17) uma nova política para Cuba e a
normalização da relação entre os dois países, após 53 anos de rompimento. Ele
também irá ao Congresso norte-americano para pedir fim do embargo americano à
ilha.
Obama disse que as embaixadas em Havana e Washington serão
abertas e haverá recomposição de canais de cooperação
e negociação. Em 2013, Obama e Raúl Castro tinham autorizado conversas secretas
de alto nível — que tiveram a bênção do Papa Francisco e foram concluídas
ontem, com uma ligação telefônica de uma hora e meia entre os dois presidentes
— e alinhavaram a liberação de prisioneiros cubanos e americanos, o que ocorreu
esta manhã.
Os EUA decidiram ainda rever a inclusão de Cuba na lista de Estados
que apoiam o terrorismo; relaxar ainda mais viagens e remessas de americanos à
Ilha; e liberar várias transações financeiras e tipos de exportações.
Obama e Raúl anunciaram as medidas simultaneamente, em
Washington e Havana. Segundo o governo americano, Cuba também fez concessões.
Vai liberar 53 prisioneiros que Washington considera políticos (alguns dos
quais já começaram a ser soltos), vai facilitar o acesso à internet à população
e abrirá espaço para visitas adicionais de avaliação da ONU e da Cruz Vermelha.
"Começamos um novo capítulo nas histórias dessas duas
nações das Américas. Ninguém está bem servido por políticas desenhadas quando a
maioria de nós nem era nascida. Através dessas mudanças, tentamos criar mais
oportunidades para os povos americano e cubano e iniciar um novo
capítulo", disse Obama.
O presidente americano anunciou ainda a permissão para
que bancos dos dois países voltem a se relacionar, além da permissão para que
americanos que viajam a Cuba possam voltar trazendo até US$ 400
mercadorias. Essas medidas não dependem de aprovação do Congresso.
O presidente cubano, Raúl Castro, demonstrou satisfação com
os termos do acordo. "A decisão de Obama merece o respeito e
reconhecimento de nosso povo. Quero agradecer o apoio do Vaticano, e
especialmente ao Papa Francisco", afirmou Raúl, em discurso transmitido
pela TV estatal.
"Concordamos com o restabelecimento de relações
diplomáticas, o que não quer dizer que nosso principal problema seja resolvido.
O bloqueio econômico,
comercial e financeiro deve acabar. As medidas de bloqueio foram convertidas em
lei, e o presidente dos EUA, Barack Obana, deve tomar medidas executivas",
acrescentou.
No entanto, o senador pela Flórida Marco Rubio disse não
acreditar que o Congresso dos Estados Unidos vá apoiar a revogação do embargo
norte-americano a Cuba. Em entrevista à Fox News, Rubio, um cubano-americano do
Partido Republicano e potencial candidato à Presidência em 2016, disse também
que a libertação do funcionário humanitário norte-americano Alan Groos por Cuba
"estabelece um precedente perigoso" que "coloca um preço
nos norte-americanos no exterior".
O norte-americano Alan Gross, 65 anos, detido há cinco anos,
foi libertado, uma semana após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
admitir estar realizando negociações
para trazê-lo de volta ao país. Ele deve ser trocado por três dos cinco
"heróis cubanos", Gerardo Hernandez, Ramón Labaniño e Antonio
Guerrero que estão presos nos Estados Unidos - os demais, Fernando González e
René González já foram libertados.