terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Núcleo Industrial da Nova Bom Jesus | O escândalo anunciado revelado em detalhes

Esquema de comercialização clandestina de terrenos públicos do distrito industrial revela engrenagens da administração pública típicas de uma quadrilha de “grileiros”

Em janeiro de 2013 um servidor da secretaria de obras me informou sobre o esquema imobiliário existente na Nova Bom Jesus, na ocasião ele me disse que as negociações estavam a todo vapor e que o mesmo vinha sendo feito desde 2010, ele ainda detalhou que os principais lotes do distrito industrial já estariam negociados com interferência de políticos ligados ao governo.

E em maio de 2013 fui procurado por um empresário que tem um empreendimento no citado distrito e que o mesmo necessitava de mais um lote para expandir seus negócios, ele deu entrada na secretaria de indústria, comércio, turismo e cultura solicitando a área em março de 2012, ainda em 2012 a prefeita e o vice em campanha visitaram o empresário e garantiram que a área postulada seria cedida logo assim que terminasse o período vedado pela legislação eleitoral.
Ocorre que em abril de 2012 outro postulante entrou com um projeto solicitando a mesma área, ele sendo filho da então presidente da associação de moradores do bairro Asa Branca e candidato a vereador na coligação de Samuel Júnior, o governo acabou por dar a preferência ao segundo postulante, que coincidência ou não o mesmo declarou apoio informal a candidatura da prefeita, traindo sua coligação liderada pelo adversário da situação.

O tempo passou e a paciência do empresário chegou ao fim quando um membro do governo o aconselhou a pagar pelo terreno ao segundo postulante, ele indignado me procurou e relatou os fatos até então ocorridos. Neste mesmo período havia entrado em cena um servidor de carreira da prefeitura que tem ligações comerciais com o empresário se prontificando a articular nas negociações para a venda do lote.

Foi então que estimulei o empresário a entrar na negociação e gravar o máximo possível das reuniões que iriam ocorrer para selar a compra da área, e em setembro ele me entregou sete vídeos bombásticos envolvendo membros da cúpula do governo e servidores de carreira. 
A compra da área não foi consumada, e o processo se encontra parado com a repercussão relacionadas a outras matéria sobre este tema.
Abaixo temos cinco vídeos que revelarão a todos como funciona o esquema com todas suas engrenagens, lembrando que os pouco mais de vinte minutos de vídeos contidos nesta reportagem são editados para melhor visualização do internauta, no total são mais de SETENTA MINUTOS de gravações em sete vídeos que provam de maneira inequívoca a existência das fraudes na concessão de áreas públicas.
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O contato telefônico com os articuladores

Na gravação de áudio abaixo temos o empresário primeiro entrando em contato com o servidor concursado da prefeitura, Alex da Silva Pires, que ocupa o cargo comissionado de diretor do departamento de agricultura do município deste janeiro de 2013, ele nas horas vagas comercializava material reciclável tendo alguns negócios com o empresário.
Ele como conhecedor do esquema acionou o também servidor de carreira da prefeitura Nilton Oliveira, conhecido como “Miltinho Nenego”, que vem a ser tio do segundo postulante que tinha a preferência no lote, na gravação temos duas ligações telefônicas, na primeira com o Alex ele deixa claro que a documentação já estava ok e que bastava somente alterar o nome da empresa, ou “mudar o santo” como disse ele. 

No segundo telefonema o empresário estabelece o primeiro contato com o servidor Nilton Oliveira, que garante a negociação seduzindo o cliente informando que o terreno está "cercadinho" e com a documentação quase toda pronta.


O primeiro contato de negociação da área

No vídeo deste bloco temos o cidadão alcunhado de “Juninho a Asa Branca”, que vem a ser irmão do servidor Nilton Oliveira e pai do postulante preferencial da área que estava sendo negociada, ele estava com o processo em mãos e conforme todos podem observar ele tranquiliza o postulante a comprar o terreno que tudo está acordado entre ele e o “Savinho”, atual secretário de saúde, e na época secretário de indústria, comércio, turismo e cultura. 
Ele ainda alega que teve gastos na tramitação do processo e que chegou a investir na área como argumentação para valorizar o “bem” que estava a venda.


A disputa pela área e a garantia da consolidação do negócio

Neste vídeo as negociações já se encontravam em fase final e os dois “irmãos corretores” na ânsia de fecharem logo a venda da área argumentaram que haviam outros interessados no terreno, o empresário então se mostrou inseguro em pagar mais de R$ 10.000,00 e ter o negócio inviabilizado por qualquer situação fortuita, foi quando “Juninho da Asa Branca” afirmou que neste negócio “primeiro quem manda sou eu (ele Juninho) e depois o “Savinho” (ele o secretário)".

Ele ainda nos revela que a secretaria de obras providenciaria a limpeza do terreno que consolidar a negociação, ele foi muito claro que entraria em contato com “Petrônio” para agilizar o terreno, demonstrando que a prefeitura ainda oferece a infraestrutura para a realização do ilícito.
O irmão servidor público (ele o Nenego) ainda confirmou a garantia dizendo que com ele e “Savinho” não tinha erro, que inclusive ele (“Savinho”) já havia lhe dito que seria interessante fechar o negócio com o citado empresário por já existir um processo do mesmo solicitando a mesma área, deixando nítido nas afirmativas de Nilton Oliveira que o secretário “Savinho” tinha pleno conhecimento desta negociata obscura.


Negócios no conjunto habitacional e a prova fatal do envolvimento do governo no esquema

Neste bloco temos a continuidade das negociações entre o empresário e os dois “irmãos corretores” do esquema, e logo no início “Juninho da Asa Branca” argumentando sobre o valor dos terrenos daquela área nos revela que também existe negociações clandestinas de lotes para construções de residências, em área pública no conjunto habitacional da Nova Bom Jesus.
Na gravação está nítido que “Miltinho Nenego” havia vendido um terreno próximo ao Campo do Poeira por R$ 15.000,00 deixando inequívoca a existência do esquema em toda área pertencente ao município.

O ponto crucial que não deixam sombras de dúvidas de que o governo tem conhecimento do esquema está no fato do processo original da cessão da área negociada estar nas mãos do pai do postulante, este documento jamais poderia ter saído da prefeitura, no máximo poderia ter sido fornecido para o postulante uma cópia do processo, jamais o original.
Segundo informou “Juninho da Asa Branca” quem teria lhe fornecido o documento foi o servidor contratado no cargo comissionado de diretor do departamento de meio ambiente Edmundo, situação no qual nos revela a influência da secretaria de agricultura e de meio ambiente no esquema de grilagens de áreas de concessão pública, haja visto que o diretor do departamento de agricultura foi quem deu início as articulações da negociata.


As observações do vice-prefeito que tinha conhecimento de tudo

Neste último bloco temos como protagonista o vice-prefeito do município, e assim como dito pelos “irmãos corretores”, ele também deixou claro que o “Savinho” tinha conhecimento do negócio, e que ele é quem tinha que decidir o impasse, ele ainda cita que já havia conversado com a prefeita e que a mesma disse que o secretário (“Savinho”) deveria decidir por este problema.

O vice ainda revela que descumprimentos legais no distrito industrial são comuns, citando como exemplo o terreno que teria sido concedido a uma pessoa chamada “Genésio”, que como disse o vice-prefeito, ele inicialmente colocou sucatas de veículos, chegou a fazer algumas portas para ele (O vice), e que com o passar do tempo ele fez daquilo uma “chácara”.
No desenrolar da conversa o vice-prefeito ainda afirmou categoricamente que as licenças ambientais despachadas pelo secretário Coroia não tem valor jurídico nenhum, o que vem a confirmar que os documentos de cessão desses lotes são todos forjados, haja visto que o processo que estava com o “Juninho da Asa Branca” tinha a chancela ambiental do citado secretário.



Os fatos relatados e comprovados acima são de uma gravidade extrema, os vídeos nos mostram de maneira cristalina que existe uma organização criminosa dentro da prefeitura promovendo um esquema sujo de negociações de áreas de concessão pública, tal fato somente nos faz constatar acerca dos motivos da estagnação econômica que vive Bom Jesus do Itabapoana atualmente.

As engrenagens do ilícito envolvem o então secretário de indústria comércio, turismo e cultura, um servidor efetivo da secretaria de obras, os diretores dos departamentos de agricultura e de meio ambiente, e com o conhecimento do vice-prefeito e da prefeita. A gravidade dos fatos estão nitidamente retratada nos personagens envolvidos na fraude que deve ser apurada com extremo rigor pelo poder legislativo municipal.
O empreendimento público que deveria ser a mola propulsora do desenvolvimento econômico e social do município, se tornou alvo de grilagem de áreas públicas e de depredação ambiental. 
O poder legislativo já debateu sobre este tema, porém jamais levantou qualquer apuração sobre o que está evidenciado acima, espera-se agora com a divulgação desses vídeos que se tome medidas cabíveis para coibir esta prática criminosa.