domingo, 26 de julho de 2015

Eleições 2008 | Verdades, mitos e trapaças




O tema que abordarei a partir desta publicação, é um registro histórico com base em um documento que revela o que realmente pensava a opinião pública bom-jesuense entre dezembro de 2007 e final de agosto de 2008, o documento é a terceira pesquisa de opinião pública encomendada pela coordenação de campanha da então candidata Maria das Graças Ferreira Motta que este blog obteve com exclusividade de um aliado próximo ao governo.

Eu recebi este documento no dia 1º de fevereiro de 2014, e resolvi somente agora torna-lo público para que todos tenham o direito de entender o que nossa sociedade pensava como um todo entre dezembro de 2007 e agosto de 2008, talvez assim tenhamos um espectro mais amplo para debatermos e entendermos melhor como pensa nossa sociedade em todos seus seguimentos tanto no presente momento como em 2016.


A pesquisa foi de uso restrito da coordenação de campanha e foi realizada pelo Instituto Precisão, e a mesma foi executada com apanhado amplo nas abordagens tanto positiva como negativa do interesse da prefeita, também envolvendo os principais personagens políticos do período, a candidata, o candidato oponente Paulo Sério Cyrillo e o ex-prefeito Paulo Portugal.
A pesquisa entrevistou trezentos eleitores de todas as localidades, idades, escolaridade e faixa econômica de Bom Jesus do Itabapoana, temos entrevistas espontâneas e estimuladas nos meses de dezembro de 2007, junho de 2008 e esta do final de agosto de 2008. 


Para se ter uma ideia do alcance desta pesquisa, nas eleições presidenciais de 2014 os institutos para levantar a tendência em todo país entrevistavam em média 3.000 eleitores em um universo de centena de milhões de eleitores, imagina em um universo de 20.000 eleitores termos uma pesquisa entrevistando 300 eleitores?
A credibilidade das informações contidas nesta pesquisa vem de encontro no objetivo da coligação em encomenda-la, não se tratou de uma pesquisa que foi divulgada com o intuito de induzir o eleitorado indeciso a exercer o voto útil, esta pesquisa foi encomendada para a cúpula da campanha da prefeita fazer a leitura exata dos pontos fortes e fracos da candidatura na última semana de agosto.
E o que mostra esta pesquisa acaba por quebrar um grande mito de que o ex-prefeito Paulo Sérgio Cyrillo era um gestor público bem avaliado em sua passagem pelo governo, muitos acreditam convictamente que a solução do impasse salarial dos servidores encontrado por ele logo que assumiu se tornaria seu grande cacife eleitoral.


Observem que nesta projeção da preferência do eleitorado, no levantamento realizado em dezembro de 2007, em momento favorável a Cyrillo em seu governo, a prefeita já despontava na frente dele com 3 pontos percentuais de vantagem para a eleição de 2008, a com o passar do tempo a vantagem dela somente aumentou.

Nessas eleições a prefeita era favoritíssima a vencer o pleito com larga vantagem, salvo um percalço na véspera da eleição que acabou lhe tirando a vitória por apenas 51 votos.

Observem que na última semana de agosto de 2008, faltando pouco mais de trinta dias para o dia decisivo, a candidata Branca Motta liderava com 43% contra 23% de Paulo Sérgio Cyrillo na pesquisa estimulada, e durante todo mês de setembro não houve nenhum fato que pudesse derrubar esta liderança, somente na madrugada do dia 02 de outubro, a dois dias da eleição, foi que a vantagem da prefeita desmoronou.
A cidade amanheceu na sexta-feira de dois de outubro de 2008 tomada por milhares de cópias de um manifesto apócrifo (autor anônimo) em todo perímetro urbano “informando” que a candidata Branca Motta não teria condições de assumir caso vencesse a eleição. 

Em anexo ao texto havia uma cópia do RG e CPF da senhora Maria das Graças Lopes Ferreira (nome de solteira) e um demonstrativo do detalhamento de credito por auxílio doença previdenciário em nome dela com valor estipulado em teto máximo, no qual temos na foto ao lado uma imagem extraída deste mesmo documento que ainda constam em alguns arquivos pessoais em BJI.

Com o assombro da Operação Epidemia que ainda pairava na atmosfera política de Bom Jesus, sem dúvida que na sede do município o impacto foi decisivo para o elevado índice de eleitores indecisos para votar em Cyrillo, que obteve uma vantagem na sede do município de 1.920 votos, com a vantagem despencando nos distritos para uma diferença ínfima de 51 votos.
Há quem diga que os responsáveis pela distribuição deste manifesto apócrifo na véspera da eleição, teria sido membros do mesmo partido da prefeita que teriam rompido com ela mesmo antes do início da campanha, fato que somente se confirma nas conversas de bastidores, e mesmo assim muito reservadas.

Os dados levantados nesta pesquisa devem servir de reflexão para toda sociedade, pois mesmo com todas e profundas divergências que tenho com o atual governo, a história desta eleição nos leva a entender que tivemos mitos e trapaças que acabaram por resultando em toda desordem que vivemos até hoje. 
A sociedade definitivamente não estava satisfeita com os rumos do município desde dezembro de 2007, muito antes da tormenta política vivida entre os meses de maio e agosto com a alternância de quatro prefeitos e a operação da PF, e se não fosse a trapaça do manifesto apócrifo circulado na véspera da eleição o resultado sem dúvidas seria uma vitória da prefeita com larga vantagem sobre o segundo colocado, e com um índice de abstenção, brancos e nulos histórico.


Nesta parte abordada nesta pesquisa a prefeita de certa forma figura como vítima de uma armação ardilosa que realmente existiu, no entanto, esta mesma pesquisa nos revelará que em outros aspectos a prefeita de vítima passou a ser vilã da sociedade tão logo assim que assumiu.
Em breve na segunda publicação sobre esta inquietante pesquisa de opinião pública.