Sobre o “AeroNeves” – Texto
de Guilherme Boullos
Ontem foi noticiado que o
senador Aécio Neves (PSDB) utilizou aeronave oficial para ir 124 vezes ao Rio
de Janeiro, quando era governador de Minas Gerais. A maioria das viagens
ocorreu, curiosamente, entre as quintas-feiras e os domingos.
Que Aécio goste da zona sul
carioca e até mesmo que se recuse a fazer o teste do bafômetro por lá - como em
2011, quando parado numa blitz - é uma questão dele. Agora, que use dinheiro e
patrimônio públicos para fazer suas andanças nas noites de Ipanema já é outra
coisa.
É ato de improbidade
administrativa, que poderia levar a perda das funções públicas e suspensão dos
direitos políticos. Poderia, é claro, pois tratando-se do PSDB - partido de
Aécio - as punições da lei ficam sempre no futuro do pretérito.
Imaginem se fosse o Lula
viajando para Garanhuns duas vezes ao mês com aeronaves da FAB. O ministro
Gilmar Mendes já o teria chamado "às falas" e a turma dos Jardins
faria panelaço todo domingo contra a imoralidade pública.
Já Aécio, o garoto de
Ipanema, pode viajar à vontade com aeronaves do governo de Minas, pode até dar
um aeroporto de presente para o tio, e nada acontece.
É impressionante a blindagem
judicial e midiática dos tucanos neste país. Além das questões de Aécio com
aeronaves e aeroportos - que logo serão esquecidas - quem se lembra ainda do
mensalão de Minas, a caminho da completa prescrição? E do escândalo dos trens
em São Paulo?
Sem falar de tantos e tantos
casos do governo FHC, sendo os mais emblemáticos deles a notória compra de
votos parlamentares para a emenda da reeleição e as privatizações feitas
"no limite da irresponsabilidade", de acordo com as palavras de um
ministro tucano à época.
Ninguém indiciado, nenhum preso. Posam ainda como paladinos da moralidade. A cumplicidade de setores do Ministério Público, do judiciário e da mídia com o PSDB é um câncer que corrói a credibilidade das instituições brasileiras.
Ninguém indiciado, nenhum preso. Posam ainda como paladinos da moralidade. A cumplicidade de setores do Ministério Público, do judiciário e da mídia com o PSDB é um câncer que corrói a credibilidade das instituições brasileiras.
HORDA FASCISTA
O dirigente do MST João Pedro
Stédile foi cercado e hostilizado no aeroporto de Fortaleza na última
terça-feira (22) por uma horda de fascistas raivosos. Entoaram cantos e
ameaçaram covardemente Stédile e a professora que o acompanhava. Mais uma
expressão da escalada de intolerância da direita nacional, incentivada por
colunistas e "lideranças" tão irresponsáveis quanto acéfalos.
Estão plantando no Brasil as
sementes do fascismo e criando uma situação que poderá fugir do controle.
Deixar passar sem mais episódios como este é silenciar ante o perigo destas
atitudes para o futuro. Toda solidariedade ao MST, a Stédile e aos que têm sido
alvos da covardia fascista.