sexta-feira, 4 de setembro de 2015

País | O debate mais importante de nossa história recente

O fato mais importante da semana que se encerra sem dúvidas foi a deliberação da reforma política no Senado a qual teremos profundas modificações nas regras do jogo eleitoral já para 2016, e dentre todas as emendas modificativas apreciadas na plenária do Senado, sem dúvidas que a mais importante foi a aprovação por 36 votos x 31 pelo fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

O Senado Federal deu uma contribuição decisiva para tomarmos o rumo da moralização institucional e pelo estabelecimento efetivo do equilíbrio democrático nos processos eleitorais em todas as esferas da República. 

É inaceitável para qualquer cidadão de qualquer vertente ideológica permitir que o presidente da Câmara dos Deputados, o denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro sujo do Petrolão Eduardo Cunha, orquestrar suas já conhecidas estratégias para derrubar a emenda aprovada no senado.

A Operação Lava Jato está aí nos revelando diariamente o real resultado da ciranda financeira estabelecida no jogo político financiado pelas empreiteiras, bancos, planos de saúde e afins, qualquer autoridade envolvida nesta histórica operação de combate a corrupção tem plena convicção que até as doações de campanha registradas na contabilidade eleitoral, que são consideradas legais, não passam de um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro. 

Casos como a gráfica que foi estourada pela fiscalização eleitoral no Rio de Janeiro em 2014, onde havia produção de material de diversos candidatos da coligação governista do PMDB de Cunha, Pezão, Cabral & Cia muito em breve se encontrarão com as investigações da Lava Jato nas delações de Fernando Baiano quando operava o esquema para o PMDB do RJ.

O Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro fez um trabalho inédito em 2014, em que a fiscalização teve o cuidado de recolher o máximo de material que foi desperdiçado pelas campanhas; placas fixada precariamente, faixas rasgadas, cavaletes quebrados, panfletos, santinhos, e todo resto de material não foi para o lixo, e sim para os depósitos do TRE no estado. 

Em cada cidade foi devidamente catalogado cada tipo de material por candidato ou coligação para confrontar a quantidade do que foi distribuído nas ruas e o que consta nas notas fiscais das gráficas que prestaram serviço para as campanhas, como esta que foi lacrada no Rio de Janeiro.

O resultado é que a quantidade registrada nos contratos e nas notas fiscais das gráficas apontam uma absurda diferença do que realmente foi produzido, pois em cidades pequenas como Bom Jesus do Itabapoana é fácil de recolher todo material que foi para as ruas e estradas, e a equipe da fiscalização eleitoral de Bom Jesus do Itabapoana fez um trabalho notável, tendo eu a oportunidade de chegar até a porta do quarto onde estava sendo depositado o material recolhido por eles.

Vamos recordar que nos anos 90 tivemos uma mini reforma política que promoveu destacadas restrições nas campanhas, onde antes era permitido distribuir brindes, bonés, camisetas além da realização dos espetaculares showmícios que eram produzidos como grandes concertos musicais e não um evento cívico eleitoral, tudo isso foi proibido com o intuito de reduzir os gastos de campanha.

Mesmo com essas medidas impactantes, os gastos das campanhas eleitorais tomaram uma dispara muito mais elevada do que antes das restrições, passando então a adotar as grandes agências publicitárias e nas gráficas de confecção de material publicitário de campanha, e tudo isso alimentado pelos desvios dos esquemas como o defraudado pela Operação Lava Jato.

Portanto meus caros cidadãos de todas as correntes ideológicas, vamos nos mobilizar pelo fim do famigerado financiamento empresarial nas campanhas eleitorais, importante salientar que a cada R$ 1,00 investido por uma empreiteira em uma campanha, ela obtém um LUCRO de R$ 8,00 em obras ou serviços superfaturados, este é o sistema que nos faz responsáveis de mobilizarmos neste momento que o Senado em um raro momento de representatividade plena nos permite livrarmos deste que é o pior dos males do sistema político brasileiro.

A maioria dos ministros do STF que apreciam a Ação Direta de Inconstitucionalidade já decidiram pelo fim desta prática criminosa, somente o corporativista Gilmar Mendes que trancou um processo já decidido por 6 votos favoráveis para tão somente atender os interesses das empresas que são clientes do escritório de advocacia de sua esposa.

Não se trata de apenas uma decisão política, esta prática é fato decidido por seis ministros da corte suprema que conta com onze votos, e quem moveu esta ação não foi nenhum partido político, e sim a Ordem dos Advogados do Brasil com o respaldo institucional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e quem pretende derrubar a emenda aprovada pelo Senado é o deputado Eduardo Cunha que não faz a menor questão de disfarçar seus interesses.