quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

As raposas e o galinheiro | Por Chico Alencar

Na tarde de ontem, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito presidente da Comissão Especial da (anti)Reforma Política, criada após atropelo de regimento pelo presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

Marcelo Castro (PMDB-PI) será o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo então deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Vai se delineando a possibilidade de um grande retrocesso à democracia dentro do seu próprio coração, que é o Congresso Nacional. Nesta conjuntura, a Comissão Especial deve ser pautada pelos setores mais fisiológicos da Câmara dos Deputados, entrando em contraste com as diversas manifestações de rua que exigiam a oxigenação do sistema político brasileiro.

Pois a PEC do Vacarezza é a própria anti-reforma; um entulho de retrocessos e a cristalização do que há de pior nas normativas eleitorais, como a constitucionalização do financiamento empresarial de campanha e a institucionalização da cláusula de barreira, que praticamente poria fim aos Partidos ideológicos. 
Enquanto o país é mergulhado no escândalo do Petrolão e o STF está para votar a proibição das doações de empresas - evidenciando quão nefasta é a colonização da política por interesses privados -, a Câmara caminha para enterrar o Brasil na obscuridade e no atraso.

Mais uma vez com o trator antidemocrático ligado, Cunha e seus aliados vetam a discussão de outras propostas na Comissão, como a Iniciativa Popular de Lei elaborada pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, que tem como lideranças a Ordem dos Advogados do Brasil e a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil. 
Negam-se a debater o financiamento cidadão, negam-se a debater a representatividade de mulheres, negros e indígenas no Congresso, negam-se a debater a concretização da democracia direta. Querem, assim, perpetuar as próprias regras obtusas que os mantém no poder e que afastam a participação real dos cidadãos brasileiros. 

O cenário de trevas requer grandes mobilizações não só das forças progressistas, mas de todos aqueles que querem mais democracia e rejeitam os retrocessos. Alternativas estão na mesa, como a proposta da OAB e da CNBB, no entanto, a sociedade terá que exigir do atual Congresso a ampliação da discussão. Somente o povo poderá salvar o nosso sistema político das atuais raposas que o “vigiam”. 

#EquipeChico50