sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Renunciar ao mandato para se reerguer na oposição

A tensão política no governo federal atinge níveis insuportáveis para o PT se manter no poder, as pesquisas por mais que manipuladas sejam, os índices de rejeição apresentados acabam por manipular o sentimento de rejeição popular com o governo dentro do campo real, e com isso a governabilidade vai para o espaço.
Não há como o governo se recuperar da crise política que afeta a economia, os números que apontam bancos falidos sendo vendidos para outros bancos por 17 bilhões de reais nos mostram que a economia está desequilibrada, e não em crise ampla e geral que afeta a todos, jamais alguém apostaria bilhões em um banco falido e envolvido em escândalos internacionais como o HSBC, o Bradesco pagou praticamente os 17 bilhões somente pela carteira de clientes do HSBC, e esses clientes são os brasileiros que vivem nesta crise.

Fato é que as forças conservadoras souberam mobilizar a opinião púbica pelo pedido de impedimento do governo Dilma, e por mais que ainda não se tenha encontrado subsídio jurídico para um processo de impeachment, o momento político sinaliza que a permanência do PT no governo é a garantia da permanência da crise mesmo com uma improvável e súbita recuperação econômica, raciocínio até mesmo reconhecido por Lula.

Diante deste cenário fora de controle, e com seus líderes protagonizando a pauta da Operação Lava Jato, o PT teria na renúncia da presidente Dilma a oportunidade ideal para se repensar o partido para encontrar o caminho para seu reerguimento, quanto mais tempo o partido insistir em permanecer no governo, mais árduo será seu reerguimento.

A cúpula do partido entende que saindo do governo, o PMDB não terá como apresentar a solução mágica para a saída crise política, pois as saídas para estabilizar os parâmetros econômicos custarão todos os desgastes desta MP do reajuste fiscal, o PT na oposição se alinhará com os demais partidos de esquerda para manterem uma pauta pesada contra o governo, a operação Lava Jato se concentrará em Eduardo Cunha que causará turbulências ao governo Temer.

Em três anos e meio o governo ´Michel Temer não conseguirá unir o País e acalmar a opinião pública, o PSDB permanecerá em seu processo de definhamento político como uma sublegenda do PMDB, com a possível prisão de Lula e com a também possível delação de José Dirceu envolvendo outros personagens pesados da legenda, o PT na oposição terá a oportunidade de promover uma ampla renovação em suas lideranças, dando espaço por exemplo a Paulo Paim como principal líder da legenda.

Se de fato a presidente Dilma renunciar ao mandato neste emblemático mês de agosto, o PT terá condições políticas para manter o governo Temer sob a turbulência política e com o surgimento de novos escândalos que atingirão os petistas do sistema e os peemedebistas que assumirão o poder.

Se vocês analisarem o tom do programa do partido veiculada sob forte panelaço, podemos perceber que a descontração com as panelas teve muito mais haver com uma despedida do que propriamente um deboche contra quem protesta.

Até 2018 o Partido dos Trabalhadores terá tempo de se reformular em direção a esquerda de fato, promover nomes como de Paulo Paim que é reverenciado até pelos mais ferozes opositores do governo, e manter o PMDB desgastado sob os avanços da Lava Jato, que ainda vai pegar o Cabral e Pezão com Michel Temer na presidência.

Os contornos históricos que envolvem o mês de agosto na política nacional e o PT se fazendo de vítima dos setores burgueses da sociedade, pode fazer com que a presidente Dilma torne público esta carta renúncia no 24 de agosto, dia do suicídio de Vargas.


Texto: Frederico Sueth
Fotos: Divulgação