A tensão política no governo
federal atinge níveis insuportáveis para o PT se manter no poder, as pesquisas por
mais que manipuladas sejam, os índices de rejeição apresentados acabam por
manipular o sentimento de rejeição popular com o governo dentro do campo real,
e com isso a governabilidade vai para o espaço.
Não há como o governo se
recuperar da crise política que afeta a economia, os números que apontam bancos
falidos sendo vendidos para outros bancos por 17 bilhões de reais nos mostram
que a economia está desequilibrada, e não em crise ampla e geral que afeta a
todos, jamais alguém apostaria bilhões em um banco falido e envolvido em
escândalos internacionais como o HSBC, o Bradesco pagou praticamente os 17
bilhões somente pela carteira de clientes do HSBC, e esses clientes são os
brasileiros que vivem nesta crise.
Fato é que as forças
conservadoras souberam mobilizar a opinião púbica pelo pedido de impedimento do
governo Dilma, e por mais que ainda não se tenha encontrado subsídio jurídico
para um processo de impeachment, o momento político sinaliza que a permanência do
PT no governo é a garantia da permanência da crise mesmo com uma improvável e súbita
recuperação econômica, raciocínio até mesmo reconhecido por Lula.
Diante deste cenário fora de
controle, e com seus líderes protagonizando a pauta da Operação Lava Jato, o PT
teria na renúncia da presidente Dilma a oportunidade ideal para se repensar o
partido para encontrar o caminho para seu reerguimento, quanto mais tempo o
partido insistir em permanecer no governo, mais árduo será seu reerguimento.
A cúpula do partido entende
que saindo do governo, o PMDB não terá como apresentar a solução mágica para a
saída crise política, pois as saídas para estabilizar os parâmetros econômicos
custarão todos os desgastes desta MP do reajuste fiscal, o PT na oposição se
alinhará com os demais partidos de esquerda para manterem uma pauta pesada
contra o governo, a operação Lava Jato se concentrará em Eduardo Cunha que
causará turbulências ao governo Temer.
Em três anos e meio o governo
´Michel Temer não conseguirá unir o País e acalmar a opinião pública, o PSDB
permanecerá em seu processo de definhamento político como uma sublegenda do
PMDB, com a possível prisão de Lula e com a também possível delação de José
Dirceu envolvendo outros personagens pesados da legenda, o PT na oposição terá
a oportunidade de promover uma ampla renovação em suas lideranças, dando espaço
por exemplo a Paulo Paim como principal líder da legenda.
Se de fato a presidente Dilma
renunciar ao mandato neste emblemático mês de agosto, o PT terá condições
políticas para manter o governo Temer sob a turbulência política e com o
surgimento de novos escândalos que atingirão os petistas do sistema e os
peemedebistas que assumirão o poder.
Se vocês analisarem o tom do
programa do partido veiculada sob forte panelaço, podemos perceber que a
descontração com as panelas teve muito mais haver com uma despedida do que propriamente
um deboche contra quem protesta.
Até 2018 o Partido dos
Trabalhadores terá tempo de se reformular em direção a esquerda de fato,
promover nomes como de Paulo Paim que é reverenciado até pelos mais ferozes
opositores do governo, e manter o PMDB desgastado sob os avanços da Lava Jato,
que ainda vai pegar o Cabral e Pezão com Michel Temer na presidência.
Os contornos históricos que envolvem
o mês de agosto na política nacional e o PT se fazendo de vítima dos setores burgueses da sociedade, pode fazer com que a presidente Dilma
torne público esta carta renúncia no 24 de agosto, dia do suicídio de Vargas.
Texto: Frederico Sueth
Fotos: Divulgação