Muito se fala sobre “mídia
golpista” predominante em nosso noticiário político nacional, no entanto, diante
do acirramento dos internautas inebriados na polarização política entre tucanos
e petistas, as notícias incendiárias somente alimentam o embate e os
internautas mal percebem o verdadeiro teor dessas notícias.
Observem o caso desta
manchete publicada na coluna “Expresso” da Revista Época em seu site, nela diz
que “Cerveró irrita investigadores por dificultar delação premiada”, o texto
desta matéria, na verdade é uma nota de poucas linhas com praticamente o mesmo
teor do subtítulo da publicação.
Tal manchete é nitroglicerina
pura para insuflar o sentimento de impunidade que paira sobre a opinião
pública, porém a mesma se mostra reveladora com aquilo que muito tem se
criticado nesta Operação Lava Jato.
O instituto da “Colaboração
Premiada” somente tem legitimidade jurídica, se a mesma for de inteira
iniciativa do colaborador, ou delator, por livre e espontânea vontade, e não
por obrigação em colaborar com a mesma.
No caso do senhor Nestor Cerveró,
ele optou pela condenação e permanecer preso em vez de colaborar com a delação
premiada, com isso, os investigadores nada tem que ficarem “irritados” com o
senhor Cerveró, e sim resignados que neste caso eles terão que trabalhar mais um
pouco nas investigações.
Nenhum réu é obrigado a
delatar seus comparsas, a delação premiada é uma colaboração opcional do réu e
não uma obrigação processual, com isso, os investigadores ao se irritarem com o
senhor Cerveró deixa entender que a delação premiada está sendo conduzida de
maneira induzida e forçada, como muitos vem denunciando.